• Nova milícia palestina Covil dos Leões usa Tik Tok para mostrar ataques a jovens

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  • 25/10/2022 22:55
    Por Redação, O Estado de S. Paulo / Estadão

    Uma nova milícia palestina conhecida como Covil dos Leões, fundada em julho, vem ganhando popularidade entre os jovens palestinos, que têm acompanhado os ataques feitos pelos combatentes em tempo real no Tik Tok e no Telegram. Na segunda-feira, 24, forças israelenses realizaram uma operação contra a milícia na cidade Nablus, na Cisjordânia, deixando cinco mortos, incluindo o líder da milícia.

    O Covil dos Leões não responde a nenhuma das outras principais facções palestinas, nem ao Hamas, que domina a Faixa de Gaza, nem à Autoridade Palestina, que governa a Cisjordânia.

    Israel culpa o Covil dos Leões pelo aumento dos atentados contra militares israelenses e assentamentos judaicos na Cisjordânia, incluindo um ataque que matou um soldado no dia 11. A operação de segunda-feira, segundo o comando israelense, matou o líder do grupo, Wadie al-Houh, que seria responsável pela produção de bombas e obtenção de armas para a facção.

    Atirador armado participa de funeral de um membro do grupo Covil dos Leões morto durante confronto com a força israelense, em Nablus

    Atirador armado participa de funeral de um membro do grupo Covil dos Leões morto durante confronto com a força israelense, em Nablus Foto: Raneen Sawafta/Reuters

    Este ano já é o mais mortífero na Cisjordânia desde 2015. A última operação, que carrega sempre novas ameaças de retaliação por parte dos palestinos, aumentou ainda mais a tensão em uma atmosfera já volátil a poucos dias das eleições de Israel, na terça-feira.

    Nas últimas duas semanas, o Exército israelense manteve um cerco sobre Nablus, restringindo severamente o movimento dentro e fora da cidade em um esforço para conter novos ataques. Os palestinos criticaram a decisão de Israel, classificada como uma espécie de punição coletiva.

    Na segunda-feira, os militares israelenses disseram que suas tropas e soldados das forças especiais invadiram um “esconderijo” na Cidade Velha de Nablus, que o Covil dos Leões usava como quartel-general e fabricava explosivos. Na operação, o laboratório do grupo foi destruído.

    De acordo com o Exército, os soldados de Israel foram recebidos com tiros por combatentes da facção – e responderam ao fogo. Durante a operação, dezenas de palestinos queimaram pneus e atiraram pedras contra as forças de Israel.

    Representantes do Covil dos Leões confirmaram que Al-Houh foi morto na operação e admitiram que ele era um dos líderes do grupo. Nabil Abu Rudeineh, porta-voz do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, denunciou o ataque como um “crime de guerra”. O Hamas ameaçou com uma nova escalada no conflito.

    Os mortos na operação foram carregados em um cortejo fúnebre pelas ruas de Nablus, envoltos em bandeiras com a insígnia do Covil dos Leões. Além dos cinco mortos, segundo o Ministério da Saúde palestino, pelo menos 20 pessoas ficaram feridas.

    Violência

    Grande parte da violência atual entre israelenses e palestinos se concentra nas cidades de Nablus e Jenin, no norte da Cisjordânia. A agitação se espalhou para áreas palestinas de Jerusalém Oriental, que Israel anexou após a Guerra dos Seis Dias, em 1967 – operação que a maioria da comunidade internacional não reconhece.

    A milícia Covil dos Leões conquistou a admiração de muitos jovens palestinos ao postar vídeos nas redes sociais de seus ataques a israelenses em tempo real. Esses jovens palestinos estão cada vez mais frustrados tanto com a Autoridade Palestina, que exerce autoridade limitada sobre partes da Cisjordânia, quanto com Israel.

    Abbas conta com a cooperação de segurança com Israel, particularmente contra seus rivais militantes islâmicos, para permanecer no poder. Ao mesmo tempo, essa cooperação é profundamente impopular entre os palestinos que se irritam contra a ocupação sem fim de Israel.

    Os palestinos mais jovens estão particularmente desiludidos. Pequenos grupos de combatentes se formaram em algumas áreas, primeiro no campo de refugiados de Jenin, reduto de militantes, e agora em Nablus. Esses grupos desafiam a Autoridade Palestina e realizam ataques contra alvos israelenses.

    Opositores do primeiro-ministro centrista de Israel, Yair Lapid, vêm criticando seu governo durante a campanha eleitoral por não agir de forma mais agressiva contra militantes palestinos. Nesta terça-feira, Lapid prometeu continuar perseguindo palestinos que atacam israelenses. “Vamos chegar a todos os lugares”, disse o premiê. “Israel nunca deixará de realizar operações para sua própria segurança.” (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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