Notícias do Corpo: Qual o melhor método de musculação para o corredor?
É o chamado de alternado por segmento com mais peso, poucas repetições, poucas séries e no máximo duas. Como é alternado não precisa descanso entre as séries. Funciona assim: Faz abdominal depois crucifixo ou qualquer outro exercício para o peitoral. Volta para o abdominal faz de novo crucifixo. Faz agachamento depois tríceps; agachamento de novo e tríceps. Posterior de coxa e remada. Panturrilha e puxada pela frente ou rosca bíceps. Em linguagem que todo mundo entende.
Faz um exercício para o abdome depois outro para a frente do braço, depois atrás da perna, depois atrás do braço, depois frente da perna. Depois costa, depois peito e assim por diante. Alterna segmento e músculos anteriores e posteriores. Enquanto um grupo muscular descansa outro trabalha. Assim trabalha-se todos os grandes grupos musculares do corpo gastando muito pouco tempo sendo mais interessante para o corredor que em geral não gosta muito de musculação.
Só que, as cargas devem ser pesadas o suficiente para não conseguir fazer mais do que entre 10 e 12 repetições. Com meus alunos sempre pergunto: está leve, bom ou pesado? Se estiver leve com muita facilidade de fazer aumenta a carga porque só vai fazer dez repetições. (Escala de Borg). O que não serve para o corredor é a famosa receita de bolo 3 x 15 para tudo. Os vários grupos musculares, pelas funções biomecânicas suportam intensidades de carga diferentes.
“Ah! Eu tenho medo de fazer musculação e ficar pesado para correr”. Já conversamos sobre isso e repito. A musculação da forma que tenho sugerido para o corredor visa fortalecimento de toda estrutura muscular da biomecânica da corrida. Mesmo que o peso nominal da balança venha aumentar não é gordura e sim peso do músculo. Músculos mais fortes se reflete em melhor domínio da biomecânica, melhor capacidade de sustentar velocidades maiores por mais tempo que tem a ver com a economia de corrida. Além disso, corredores que fazem musculação se lesionam menos. Isso é um fato!
COELHO OCULTO OU INDETERMINADO
Quando a gente sai para correr na rua, querendo ou não, sempre pensamos num “pace” seja ele qual for. Não é raro no meio do percurso bater um cansaço mental e começamos a diminuir o ritmo. Aí chega perto da gente outro corredor, que não o conhecemos, e devagarzinho vai passando pela gente. Instintivamente aumentamos o “pace” e passamos a acompanhá-lo sem que ele (a) saiba que está nos puxando.
Em qualquer prova isso também acontece: “Vou acompanhar aquele corredor (a) que está num ritmo bom para mim e vai me puxar”. – Pensamos. Pois bem! Pegando carona nas regras de português, chamo isso de “coelho oculto ou indeterminado”. Ele passou a ser meu coelho e não sabe disso. Quase todo mundo do ambiente da corrida de rua conhece a figura do “coelho” que é o atleta que tem a função de manter um determinado ritmo constante de prova por vários objetivos.
“Coelho simples”. Geralmente busca-se um recorde de um corredor ou de uma prova como fez o queniano Eliud Kipchoge usando grupo de coelhos que se revezou na pista para ditar o ritmo previsto para correr a maratona em menos de 2 horas mesmo não sendo prova oficial. “Coelhos compostos”. Guardadas as devidas proporções nós também podemos fazer isso especialmente em treinos longos usando colegas de treinos que podem se revezar puxando a gente em determinado “pace”.
Eu já fiz isso com coelhos espalhados no percurso para me ajudar em treinos longos. Alguém questionaria. “Mas eu posso fazer isso com a tecnologia de hoje dos “Garmin’s” da vida que me dão o ritmo certo o tempo todo”. Pode, mas não é a mesma coisa com alguém ali presente ao seu lado te puxando. No domingo passado correndo num parque estava com meu garmin para correr 5km a 5’30”/km.
No terceiro km o ritmo começou a cair quando passou por mim um corredor mais ou menos no ritmo que eu queria. Resultado passei a correr a 5’10”/km. Ué! Mas eu não estava cansado? E o Garmin? Estava adiantando alguma coisa? Vejam só como é o psicológico da gente, né? “A motivação é a variável-chave tanto na aprendizagem como no desempenho em contextos esportivos e de exercícios”. Weinberg e Goud (2001). Quando a gente corre precisa achar a motivação que pode estar no “coelho oculto”. Venha de onde vier temos que achar essa motivação e por vezes só a tecnologia é pouco.