Notícias do Corpo: Qual o limite tecnológico no esporte?
Nos últimos 3 anos os recordes mundiais de corrida, desde os 5.000 metros até a maratona foram quebrados. Um avanço mais tecnológico do que fisiológico no que se refere aos tênis com fibra de carbono. Vocês lembram. Num evento não oficial em 12 de outubro de 2019 o queniano Eliud Kipchose correu os 42.195 metros em 1h59’40” usando essa nova tecnologia. Segundo o fabricante promete economia de corrida em 4% reduzindo tempos de prova em 2%. No dia seguinte o recorde mundial feminino foi batido em 2h14’04” pela queniana Brigid Kosgei em Chicago também usando o mesmo modelo de tênis. Os tempos dela anteriores eram de 2h18’35” e 2h18’20” respectivamente em Chicago 2018 e Londres 2019. Essa tecnologia foi para as pistas também. Na Diamond League 2020 em Mônaco o recorde mundial dos 5.000 metros foi batido. Dois meses depois em Valência o recorde dos 10.000 metros foi batido pelo mesmo atleta. Em Valência no mesmo evento a etíope Letesenbet Gidey quebrou o recorde mundial dos 5.000 metros que durava 12 anos. Eis a questão. Nitidamente esses tênis são altos (cerca de 40 mm), absorvem mais a energia elástica aumentando o tamanho da passada. Claro, não significa que qualquer um de nós simples mortais corredores (as) se usar um tênis desse vá bater recorde mundial. Há relato inclusive de atleta de elite que não se adaptou à tecnologia forçado a desistir na maratona de Londres 2020 alegando lesões devido à falta de estabilidade do pé.
Lembram da polêmica envolvendo a natação dos supermaiôs LZR que auxiliava o fluxo de oxigênio no corpo do atleta mudando inclusive a posição hidrodinâmica aumentando o deslize e a velocidade dentro d’água? Vários recordes foram batidos e posteriormente a tecnologia foi proibida. Será que diante do que estamos vendo a tecnologia do tênis com fibra de carbono pode ser proibida? Pode ser considerada doping tecnológico? Você acha que deve ser criada uma normatização na fabricação dos tênis acessível a todos? Ou será que vão colocar uma turbina na entresola para gente sair voando por aí? Prof. Moraes
Literatura Sugerida: Muniz-Pardos, B., Sutehall, S., Angeloudis, K. et al. Melhorias recentes nos tempos de corrida da maratona são provavelmente tecnológicas, não fisiológicas. Sports Med 51 (2021).