• Nossos políticos de esquina

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  • 27/01/2016 11:30

    Tem coisas que nunca mudam, como as certezas absolutas dos mentecaptos e gente falando bobagem pelas esquinas. O que elas têm em comum entre si é que se locupletam em todos os sentidos.

    Petrópolis não foge à regra e é pródiga em figuras folclóricas assim que, por vênia à sua memória e à própria ingenuidade quanto ao papel que representaram, merecem mais o silêncio respeitoso que o holofote do ridículo. Contudo, existem alguns ainda vivos perambulando por aí e, pior, fazendo seguidores que, num ciclo reprodutivo perverso, haverão de multiplicar suas vítimas.

    A ação avassaladora da imbecilidade já foi examinada em diversos estudos, a maior parte relacionada aos fenômenos produzidos pelo senso comum através da manipulação de massas. Não por acaso, todos indicavam os meios de comunicação como os veículos de introjeção e potencialização ideológica preferidos pelos aparatos de dominação e instrumentalização do Estado. Todavia, o papel representado pelo “político de esquina”, não parece ter sido suficientemente abordado.

    Numa situação de Estado burguês, dominado e instrumentalizado pelos setores conservadores e patrimonialistas da sociedade, universos relativamente provincianos como Petrópolis e sua mentalidade, constituíram terreno fértil para a proliferação das figuras folclóricas que fizeram das esquinas seu habitat e local propício para o fazer político, para o palpite com ares de análise e ao mesmo tempo espaço para exercício de um certo tirocínio nebuloso e inexplicado, sem qualquer embasamento científico, que tem no cálculo eleitoral e na reprodução de mandatos a razão da política.

    Assim, diariamente ouvimos os mais diversos vaticínios – que nunca se confirmam, senão os mais óbvios – pelas esquinas da cidade das bocas dos “analistas” políticos e “articuladores” que não passam de instrumentos a serviço da institucionalidade burguesa, clientela do aparato de dominação de uma classe sobre outra e, como eles mesmos não têm consciência de classe, invariavelmente são os serviçais que se prestam ao duplo papel de ser explorado e reverberar seus benefícios.

    Passa longe da cabeça desses cabos eleitorais travestidos de “consultores” políticos que o movimento geral da sociedade e sua dinâmica independem de sua vontade, que sua lógica de intervenção corresponde à manutenção e reprodução de um sistema em decadência e que a interpretação que têm da realidade está tão descolada da vida quanto eles dos fatos que julgam desvendar.

    A vida está acontecendo de verdade é na comunidade do Bambuzal na BR-040, ameaçada de despejo pela Concer; no Independência, onde querem fechar o Ciep Santos Dumont; no preço absurdo da passagem de ônibus que ainda querem aumentar; na UPA sem médico e medicamento; na violência judicial que faz juízes e desembargadores colocarem-se acima dos mortais. Enfim, está aí para todo mundo ver, no cotidiano da vida do trabalhador. Só não o enxergam nossos folclóricos e dispensáveis políticos de esquina.

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