Nosso quadro atual

Nosso quadro político atual assusta e dá medo em todos os estágios do poder, significando dizer, federal, estadual e municipal. Nelson Rodrigues há muito tempo falou: os imbecis vão governar o mundo, não por capacidade mas porque são em maior número. As nulidades chegam à vitória e ao poder, com um triunfo concedido por um povo ainda pouco politizado e que se deixa envolver por discursos vazios e fúteis, dando a estes inúmeros homens de pouca qualificação o direito de representá-los. 

Disto decorre o prosperar da desonra; nossos representantes egoisticamente só pensam e agem a serviço deles próprios: são patrimonialistas e apegados ao poder pelo poder, o povo é massa de manobra. Como se diz na gíria: o leão pouco se importa com o balido das ovelhas, quer é se alimentar delas. Homens de pouca honraria pairam sobre as cabeças dos demais e por eles decidindo.

Crescem todas as sortes de injustiças, de desnivelamento; o "todos são iguais perante a lei" torna-se princípio morto dentro da própria lei. O poder cresce e se agiganta na mão daqueles que o bem desconhece. Não são incautos, são despreparados e possuem o gene do mal em seu temperamento, gene que com o tempo aflora em sua personalidade tornando-os sociopatas.

O outro lado da moeda é o que, a população assistindo a estes lamentáveis atos patrocinados por quem deveria e tem a obrigação de geri-los, passa a questionar: seus próprios valores de virtude e honradez. O "gosto de querer levar vantagem em tudo" ( a famosa lei de Gerson) passa a ganhar força, por conta da impunidade reinante. Honra e honestidade são valores que perdem importância em uma sociedade contaminada. 

Às vezes me pergunto se temos uma porta de saída , uma válvula de escape contra um sistema viciado, vicioso e viciante. E a cada  dia que passa, sou abalroado, por mais e mais canalhices e cretinices políticas, que se sucedem com uma velocidade impressionante, e mais uma vez chego à conclusão de que vivemos em um País rico, habitado por medíocres.

Temos futuro? E a resposta a tal questionamento reside em nossa riqueza, que mesmo sendo espoliada a cada governo que passa, ainda assim nos mantem em pé e seguindo em frente. Até quando é dificil de dizer ou de se fazer qualquer previsão, mas talvez não tenhamos muito tempo pela frente antes de uma comoção social. A revolta advirá da base da pirâmide e no início será imperceptível, mas ganhará vulto e isto seja talvez o mais preocupante, porque não poderá ser contida quando começar a subir os seus degraus.

Não estou sendo pessimista. Meus anos de estrada me levaram a ser um pragmático otimista (se isto é possível, como já disse em outra oportunidade) e estou apenas fazendo uma constatação de nossa pobreza política que se compraz em nos fazer viver em um País em que ser honesto dá vergonha.