Nosso papel

Nesses dias, em que entender o futuro do país a partir de Brasília parece difícil e desanimador, é preciso saber, primeiro, que isso nunca foi fácil mesmo. E, depois, passar a ver a crise para além das fronteiras. Não é só você: toda a humanidade passa por momentos difíceis, em que vidas valem muito pouco, tragadas pela violência, terrorismo, indiferença, preconceitos e injustiças sociais. A lista é longa, mas, para a barra não pesar mais, é bom ver também o que temos feito para mudar a realidade à nossa volta, no mundinho e no mundão.

Curtir ou só fazer careta nas redes sociais não basta.

É hora de exercitarmos mais o olho no olho, ouvir quem tem a falar, mesmo quando estamos sempre com pressa para não perceber. Como está escrito aí em cima, a indiferença é violenta. Acusamos os maus políticos de ficarem sempre de costas para o povo e muitas vezes fazemos o mesmo, sem notar os invisíveis que passam por nós. Nas ruas, na vizinhança e até em casa.

Uma instituição de ensino, óbvio, precisa ajudar a melhorar essa comunicação e a facilitar a troca de olhar mais generosa, com responsabilidade social, mostrando que é possível a integração entre o setor acadêmico e a sociedade. Em Petrópolis, nós da Faculdade Arthur Sá Earp Neto (FMP/Fase) praticamos isso como lição para a vida toda. Afinal, como formar futuros profissionais sem respeito ao ser humano, dentro e fora das salas de aula? Principalmente se forem médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, dentistas, gestores e administradores, que terão contato direto com um público cada vez mais carente de atenção e respeito.

Os alunos da FMP/Fase são estimulados a participar do dia a dia de Petrópolis, em contato com os problemas da população, a exemplo do projeto de campo como o do Vale do Carangola, que identifica as ações de intervenção consideradas essenciais pela própria comunidade, propondo melhorias na qualidade de vida dos moradores da região. Hoje, a faculdade está presente em mais de dez conselhos municipais, representada por professores e também alunos, como nos Conselhos de Saúde, Educação, Igualdade Racial, Políticas sobre Drogas e de Segurança Alimentar. Nesses espaços de representação e participação popular, eles exercitam a cidadania. Justo no momento em que muitas pessoas preferem desistir da prática política, por conta dos maus exemplos dos políticos que não honram os mandatos para os quais foram eleitos. Exercitar a cidadania, que rima com democracia e alegria, é um caminho, nesses tempos de furacões reais e figurados que passam pelo mundo. De concreto mesmo, existe o nosso papel, traçado para ser feliz e não para ser levado na ventania.