Nosso futuro está no passado
Que bonito título para nossa cidade, cuja frase retirei de um suplemento imobiliário de jornal, em referência aos imóveis remanescentes de alguns bairros cariocasa como Lapa e Botafogo. E nem por isto podemos nos furtar de imitar já que somos “Imperial” e que nos “obriga” a tal medida de preservação e restauração – ao que fazemos jus.
Seria muito bom que o povo pudesse ler esta frase e se conscientizar de sua importância para preservação do que resta de nossa cidade mutilada pela sanha imobiliária, mas com bastante divulgação dos poderes públicos e o que os forçaria a abraçar tal iniciativa, também, e não ficar somente constante em discursos e promessas inócuas. É imprescindível. É urgentíssimo que nos apeguemos a tal assunto se quisermos deixar para as próximas gerações algo que possam se sentir realizados e cônscios de tais cuidados – isto para quem tem sensibilidade.
Nosso companheiro de sessão, Joaquim Eloy, tem batido na mesma tecla, como tantos outros, mas as diversas administrações públicas deixam de fazer algo de positivo – são todos moucos por comodidade. É lamentável se, qualquer iniciativa tem, obrigatoriamente, que partir delas, e a nós, só compete cobrar, cobrar e cobrar – até termos uma resposta positiva.
É vergonhoso perante os turistas, mostrar as entranhas de nossa displicência e relaxamento com as coisas públicas – por descaso da população acrescido da inércia das autoridades. Não consigo entender – talvez eu seja por demais ignorante por não alcançar a sapiência dessas pessoas que sentem um prazer inusitado em destruir, pichar e emporcalhar a cidade. Ou eles são muitos sapientes e nós, ignorantes – mas tenho certeza que se dá o inverso. É lamentável, muito lamentável, que não possamos viver em comunidade civilizadamente, com respeito à cidade e aos semelhantes que tanto prezam esta terra de clima superameno e que tudo nos propicia de bom. De um lado o executivo, do outro, o nativo – ambos sempre negativos.
Há um lema cosmopolita que diz – “Ubi bene, ibi pátria” – numa tradução livre – “Onde se vive bem aí é a pátria”. Aqui sempre me senti bem, mesmo com suas mazelas e desrespeito, o que, infelizmente reflete o comportamento do brasileiro em geral em consequência do movimento do – “é proibido proibir” – por isto tudo é permitido e permissível, mesmo que seja para desconforto dos mais civilizados e responsáveis, enfim, que seja para agredir em todos os sentidos, num prazer duvidoso – de um lado o lucro financeiro e do outro, o total descaso pela falta de educação e bom senso da população, sem outra motivação.
Por isto, bem definiu o trovador mineiro Benedito Machado, quando disse: “ Vive o homem neste mundo / em busca de amor e paz, / mas pelo dinheiro imundo / vende a alma à Satanás”. jrobertogullino@gmail.com