• Noite de Glória e Júbilo

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  • 26/jun 08:00
    Por Afonso Vaz

    Na última quinta feira, dia 20, às 18h, à direção do meu carro, encontrava-me preocupado com o tumultuado trânsito no Centro da cidade, justamente em razão de compromisso o qual não poderia me furtar de comparecer e marcado para ter início às 19h.

    Teria, assim, que chegar em Corrêas às 19h para participar do evento que tinha plena certeza que se tornaria um marco na trajetória não só da Instituição, a Academia Petropolitana de Letras, mas, principalmente, com relação ao Padre Anderson Machado Rodrigues Alves.

    Ainda em minha casa contemplava a tarde que já se despedia e a noite quase a chegar.

    Em razão da beleza que a natureza nos proporciona lembrei-me das palavras do Santo Padre Bento XVI, quando assim se pronunciou: “O Universo não é resultado do acaso, como muitos gostariam de nos fazer acreditar”

    E aduzindo: “…contemplando (o universo) somos convidados a enxergar algo profundo: a sabedoria do Criador, a criatividade incansável  de Deus”.

    Essas palavras foram proferidas pelo Papa num sermão para fiéis na Basílica de São Pedro, no dia em que os cristãos comemoraram a Epifania – data em que os Reis Magos teriam encontrado Jesus”.

    Na realidade, não foi fácil chegar ao destino, justamente pela razão supra referida.

    Contudo, ainda com o pensamento voltado para “… a sabedoria do Criador e a criatividade incansável de Deus…”, na companhia de três confrades, acalmei-me e tudo veio a ocorrer exatamente como prevíamos , vez que chegamos à porta do Seminário Diocesano Nossa Senhora do Amor Divino, exatamente às 19h.

    Realmente, evento bastante aguardado vez que se tratava de assistirmos a posse do Padre Anderson Machado Rodrigues Alves, que tomaria assento na cadeira número 30 da Academia Petropolitana de Letras.

    À porta do Seminário, o relógio marcava dezenove horas e alguns minutos, todavia subimos pela via própria rapidamente chegando ao local.

    A Capela já abrigava muitas pessoas que para lá haviam acorrido e Monsenhor José Maria Pereira dava início à Santa Missa acompanhado por vários sacerdotes, dentre eles o Padre Luiz Henrique Veridiano da Silva, Reitor do Seminário.

    Presente no altar também ali já se encontrava o Padre Anderson Machado Rodrigues Alves, que participou da cerimônia religiosa.

    A missa terminada e os inúmeros presentes dirigindo-se para o salão onde cruzaria os umbrais da Academia o novo imortal.

    Todavia, o protocolo sob responsabilidade do acadêmico Fernando Costa teria que ser observado uma vez que a mesa presidencial já estava constituída.

    Justamente, para cumprimento das regras protocolares, foram convidados pelo cerimonialista para introduzirem o novel acadêmico junto à mesa em questão, os confrades Gastão Reis Rodrigues Pereira, a confreira Maria de Fátima Argon da Matta e este que ora escreve estas modestas linhas.

    Usando da palavra, abrindo a sessão, o Professor Leandro Garcia proferiu brilhante discurso quando teve oportunidade de trazer à colação, dentre outros temas das mais alta relevância, a questão da criação de Academias, voltada sua preleção para o Século XVIII e em seguida, transitando pelo Século XIX, sempre a discorrer e deixando enfatizado acerca da importância da criação dessas entidades como ocorreu, na França, anos pretéritos.

    Ademais, em outros países, proferindo palavras sábias e bem claras e sobretudo didáticas, no tocante ao tema sem que deixasse de fazer alusão à criação da Academia Brasileira de Letras, o que se deu em   20 de julho de 1897.

    A seguir, ainda na conformidade do protocolo, passou a usar da palavra o acadêmico Cleber Francisco Alves que, na qualidade de padrinho do novo acadêmico, fez pronunciar belíssimo discurso contendo informações de grande importância a respeito de outras academias literárias, especialmente voltando-se para a Academia Brasileira de Letras e frisando quanto a virem cumprindo “… um importante papel na vida cultural quanto à preservação das tradições e do legado recebido das gerações pretéritas, mantendo-se porém abertas à contínua modernização, e atualização, o que lhes dá vigor e assegura sua relevância no contexto hodierno e garante sua continuidade para o futuro”

    Referências foram feitas pelo orador à figura inesquecível de D. Gregório Paixão e para a do patrono da cadeira de número 30, o Bispo Dom Agostinho Benassi e bem assim do primeiro titular da cadeira, Monsenhor Conrado Jacarandá, mencionando, também, como últimos ocupantes nossos ex- bispos diocesanos Dom Filippo Santoro e D. Gregório Paixão.

    Adiante, cuidando de forma gentil e elogiosa objetivando traçar as mais justas considerações e bem assim palavras de carinho e admiração pelo novo acadêmico, com destaque para sua vida escolar e após universitária.

    Julgo quase que impossível relatar nestas breves linhas o quanto, ainda, de marcantes palavras que o acadêmico Cleber Francisco Alves fez declinar dirigidas ao novo acadêmico, inclusive com relação à publicação de livros e de artigos em periódicos acadêmicos, dignificando sua família, além de atividades desenvolvidas pelo Padre Anderson, inclusive após seu ingresso no Seminário.

    Dando sequência ao protocolo, foi concedida a palavra ao novel acadêmico que, logo de início, demonstrou contagiante alegria e sobretudo sentido-se extremamente honrado por ter sido eleito para ocupar a cadeira nº 30 da Academia Petropolitana de Letras, percebendo-se suas palavras cobertas de plena emoção.

    Padre Anderson, não deixou, logo de início, de ressaltar que a instituição está comemorando 102 anos, “…o que a torna a mais antiga do nosso país, no âmbito municipal”.

    A seguir, com absoluta precisão, fez referenciar nomes de diversos integrantes do clero que participaram da Academia ponderando, inclusive, que “… a presença do Clero nesta instituição é uma tradição desde o início de sua criação, inclusive elencando as cadeiras com seus respectivos patronos e, naturalmente, do clero que as ocuparam”.

    Tendo assento à cadeira nº 30, que tem por patrono D. Agostinho Francisco Benassi, destacou que a mesma fora ocupada por Monsenhor Conrado Jacarandá, Ovídio Gouvêa da Cunha, Monsenhor Gilberto Ferreira de Souza, Áurea Maria de Freitas Carvalho, Marin de Toledo Melquíades. Dom Filippo Santoro e Dom Gregório Paixão.

    Alusão especial que tocou a sensibilidade dos presentes no tocante a vida e obra do médico e acadêmico Dr. Jorge Ferreira Machado!!

    Assim é que o novo acadêmico não deixou de referenciá-las na condição de benfeitor do Seminário e perante à Igreja Católica, além de outras considerações feitas com relação a essa figura nunca olvidada por seus pares acadêmicos.

    Sobre a vida e obra de Dom Benassi fez destacar que o mesmo nasceu no Rio de Janeiro em 17/11/1868, tendo recebido em 1895 a sua primeira paróquia no Rio de Janeiro, justamente, da Candelária.

    Vigário de Petrópolis, aqui permaneceu até 1897.

    Importante destacar que segundo informação do novo acadêmico, em Petrópolis Dom Benassi “… atuou em prol da imprensa e se esforçou pela criação de uma imprensa católica”.

    Por isso mesmo recebeu da Câmara Municipal da cidade o título de “Bispo da Boa Imprensa”.

    O novel acadêmico não deixou de mencionar, em detalhes, a propósito do Bispo que viria ocupar a cadeira nº 30, substituindo Dom Benassi, exatamente Monsenhor Conrado Jacarandá, que fora secretário particular de Dom Benassi nos anos da juventude.

    Dentre tantas realizações que fez levar a termo, “… Animou a imprensa e editou, na cidade imperial, a revista “O Cruzeiro”, entre 1926 e 1928”.

    Na palavra do já citado Dr. Jorge Ferreira Machado, sustenta o novo acadêmico, “…que a revista foi um “verdadeiro manancial de literatura e de história”.

    Padre Anderson não deixou de mencionar outras figuras de renome que ocuparam a cadeira nº 30, tais como Ovídio Gouveia da Cunha e Dom Gregório Bem Lâmed Paixão.

    Com relação a Dom Gregório, que tantas saudades deixou perante a comunidade petropolitana, o novo acadêmico fez traçar sua vida e obra junto à Igreja e segundo assertiva do Padre Anderson, “…Todos somos testemunhas do empenho de Dom Gregório em favor da educação e das letras na nossa cidade…”, recordando, também, que Dom Gregório “… trabalhou pela Universidade Católica de Petrópolis e as 28 escolas paroquiais presentes na nossa cidade”.

    Caríssimo acadêmico, a cadeira nº 30 agora é ocupada por sua pessoa e por isso mesmo auguro que sua trajetória seja das mais fulgurosas, cobertas da proteção das Alturas, em todos os momentos.

    Por isso mesmo, caríssimo Padre Anderson, volto minha mente as palavras por mim mencionadas no início desta preleção, relembrando mais uma vez o Papa Bento XVI, parafraseando respeitosamente Sua Santidade,  dirigindo-as ao novo acadêmico e confrade, que nada recebemos por acaso e também, não por acaso, que o ilustre petropolitano torna-se dileto membro da Academia Petropolitana de Letras.

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