• No Brasil, Serena mostra lado empresária em palestra, mas admite sentir falta das quadras

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  • 27/set 09:28
    Por Felipe Rosa Mendes / Estadão

    Serena Williams deixou o tênis profissional em setembro de 2022. Desde sua eliminação precoce naquele US Open, a lenda do tênis se tornou alvo de seguidos rumores sobre um possível retorno, como fizeram outras tenistas, como Kim Clijsters e Caroline Wozniacki. No Brasil, para um evento corporativo, Serena admitiu que ainda sente falta da adrenalina do circuito.

    “Para mim, até hoje o que mais me empolga, com certeza, é entrar em quadra. Porque é quando eu consigo controlar um pouco mais o meu destino”, disse a americana, ao ser questionada sobre a “adrenalina” do mundo dos negócios. Serena esteve em São Paulo na noite desta quinta-feira para uma palestra no Ifood Move, com duração de uma hora. Estima-se que recebeu cerca de R$ 1 milhão pela participação.

    A americana de 43 anos, uma das lendas do tênis mundial, comentou sobre seus investimentos e sobre o que aprendeu no mundo dos negócios. Mas sem esquecer a raquete e as bolinhas. “Minha melhor memória é ter jogado duplas com a minha irmã (Venus) na Olimpíada. Nos divertíamos muito, ríamos muito em quadra. Ganhamos Wimbledon juntas. São memórias maravilhosas.”

    Serena faturou seis títulos de duplas na grama de Londres, além dos sete troféus em chave de simples. Neste quesito, entrou para a história do Grand Slam britânico. Em números de títulos de simples, só está atrás das oito conquistas de Roger Federer e das nove de Martina Navratilova.

    Mas foi outro Grand Slam que a americana mais mencionou em sua palestra: Roland Garros. O torneio que consagrou Gustavo Kuerten foi citado diversas vezes, principalmente quando Serena lembrou de uma dolorosa lição sofrida em quadra, na edição de 2012. Foi a primeira vez que a americana foi eliminada logo na primeira rodada de um Grand Slam. Para piorar, foi superada por uma rival que estava longe da lista das favoritas, a francesa Virginie Razzano.

    O resultado surpreendeu porque foi apenas uma das quatro derrotas que Serena sofreu ao longo de todo o ano de 2012. “Minhas maiores derrotas foram as que me tornaram a campeã que me tornei. Eu aprendo com essas derrotas. Se você não aprende com elas, aí, sim, você fracassa. Uma vez em Roland Garros, eu perdi esta partida, fiquei muito triste. Mas aprendi muita coisa sobre mim, como pessoa e atleta. E isso me levou para a segunda parte da minha carreira. Se eu não tivesse perdido aquela partida, talvez as coisas teriam sido diferentes (na segunda metade da carreira).”

    “Eu me senti um caco, queria desistir, parar tudo. Fiquei muito triste. Foi grande obstáculo que eu precisei superar. Ralei todos os dias depois daquilo. E foi só por causa desta derrota que consegui vencer depois. Essa derrota foi uma das maiores vitórias da minha carreira”, completou a ex-tenista.

    EMPRESÁRIA

    Roland Garros também foi mencionada pela ex-atleta ao lembrar de um investimento que acabou não fazendo, justamente porque estava concentrada na competição. Era 2009 e investidores se reuniam para lançar o aplicativo Uber.

    “Na época em que estavam captando dinheiro, me apresentaram a proposta. Eu tinha certeza que iria dar certo e queria participar, mas eu estava tão concentrada em Roland Garros que acabei deixando passar. Eu fiquei desolada (depois)”, afirmou. No início deste ano, a Uber superou o valor de US$ 150 bilhões (cerca de R$ 818 bilhões) na Bolsa de Nova York.

    Serena investe seus recursos desde sua época de tenista, que lhe rendeu mais de US$ 100 milhões em premiações. Em 2014, ela fundou a Serena Ventures, fundo de venture capital que já investiu em mais de 70 empresas. Destas, pelo menos 13 já se tornaram “unicórnios”, empresas avaliadas em mais de US$ 1 bilhão. Em 2022, o fundo captou US$ 111 milhões para novos investimentos.

    No mundo dos esportes, Serena já adquiriu participações no time de futebol feminino Angel City FC e na franquia de golfe Los Angeles Golf Club. No começo deste ano, indicou interesse em comprar um time de WNBA, a versão feminina da NBA.

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