• Ninguém sabe, ninguém viu

  • 04/09/2018 08:20

    Frequentemente nos deparamos com casos na área médica, como epidemias ou aumento da incidência de determinada doença que são consideradas problemas de saúde pública. Na questão da violência estamos já há algumas décadas vivendo um grave problema de segurança pública, comprovados com os altos índices de crimes, com destaque para os mais de seis mil casos de mortes violentas registrados no ano passado. A maior taxa desde 2009, o que representa cerca de 40 mortes violentas por 100 mil habitantes. E nada pode ser tão ruim que não possa ser ainda pior. Boa parte dos assassinatos fica sem resposta, deixando que a impunidade ainda prevaleça no contexto geral.

    Segundo levantamento das delegacias de Homicídios do Rio de Janeiro, cerca de 70% dos inquéritos desde 2010 ainda não tiveram um desfecho. São mais de 13 mil mortes violentas em que a impunidade prevaleceu, deixando cada vez mais a população vulnerável nesse estado de guerra que nos encontramos.

    Quando somos repetitivos ao abordarmos as condições de trabalho das polícias não é à toa. Mesmo diante desse cenário alarmante, a Divisão de Homicídios da capital conta com menos efetivo trabalhando do que há, praticamente, uma década atrás, quando foi criada. E o detalhe é que de lá pra cá o número de inquéritos aumentou quase 30 vezes. A conta não fecha e assim permanecerá se nada for feito.

    A violência aumentou, o crime organizado cresceu, mas, na contramão da realidade, o estado encolheu. Aliás, sabemos que não só no que diz respeito a segurança pública, mas em todas as outras áreas também.

    Mas voltando à segurança pública, além do baixo efetivo nos mais variados setores, a desvantagem em relação ao inimigo, ou seja, a bandidagem, também é notória em outros aspectos, como no poderio bélico, nos equipamentos de trabalho (viaturas, coletes, entre outros), fragilizando os agentes de segurança, dando “guarita” para a criminalidade e vulnerabilizando a população de um modo geral.

    O caso de Marielle Franco, uma parlamentar do Rio de Janeiro, um dos principais cartões de visita do país, é o maior exemplo dessa ineficiência ou deficiência que temos na investigação de crimes. Já se passaram mais de 150 dias e não há nenhum esclarecimento.

    Assim como esse caso, inúmeros outros ficam sem resposta. Morre muita gente, a maioria por motivos fúteis e ninguém sabe e ninguém viu. Nesse cenário, perde a sociedade e ganha a criminalidade que continua apostando na impunidade.

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