Nestlé anuncia investimentos de R$ 7 bilhões no Brasil até 2028
A Nestlé investirá R$ 7 bilhões no Brasil entre 2025 e 2028. Os recursos serão usados em modernização de fábricas, ampliação de capacidade, sustentabilidade e inovação. No triênio anterior, o aporte foi de R$ 6,5 bilhões. “Esses investimentos são uma chancela à operação brasileira, que é a terceira maior da Nestlé em todo o mundo”, diz Marcelo Melchior, CEO da Nestlé Brasil. O País só fica atrás dos EUA e da China.
No ano passado, o faturamento da Nestlé Brasil foi de 4,040 bilhões de francos suíços, o equivalente a cerca de R$ 27 bilhões. Em 2023, havia sido de 4,131 bilhões de francos suíços, por volta de R$ 24 bilhões. A alta foi em torno de 15%.
Segundo Melchior, os investimentos permitem que as fábricas da Nestlé acompanhem o nível tecnológico de outras da fabricante de alimentos ao redor do mundo. A nova unidade da Purina, marca da Nestlé para nutrição animal, em Vargeão (SC), por exemplo, opera no conceito de indústria 4.0, com internet das coisas, inteligência artificial e robótica nos processos industriais.
“Temos um centro de controle que permite enxergar as provisões de todas as fábricas e indicadores que mostram se as máquinas podem quebrar ou estão com desempenho menor do que o esperado”, diz ele. “As máquinas também conversam entre si para pedir suprimentos e chamam os carros autônomos que as reabastecem.”
A unidade catarinense recebeu investimento de R$ 2,5 bilhões do ciclo anterior e permitirá que o Brasil se transforme na plataforma exportadora para América Latina, EUA e Europa, especialmente em alimentos úmidos para cães e gatos.
Outra fábrica que será modernizada na nova fase de investimentos é a de café, erguida pela Nestlé em 1921, em Araras (SP). Originalmente inaugurada para produzir Leite Moça, ela se transformou numa das maiores unidades do grupo e é exportadora de Nescafé.
Além da produção, os investimentos da Nestlé também são usados no desenvolvimento de fornecedores. Segundo Melchior, nos últimos dez anos tornou-se importante saber a origem, as práticas ambientais e sanitárias de toda a cadeia. “Até então, nos preocupávamos com a qualidade do leite, do café e do cacau”, diz ele. “Hoje, fazemos encontros mensais com os fornecedores de diferentes áreas de produção, que trocam experiências e compartilham ganhos e melhores práticas.”
Melchior diz também haver uma preocupação com as novas gerações, para que filhos de produtores se estabeleçam no campo e estimulem o uso de inovações tecnológicas, como drones, inteligência artificial e bioinsumos.
“É importante que esses jovens estejam motivados a ficar e a acreditar no futuro do negócio, que não é mais como antigamente, com pessoas simples e distantes da inovação”, afirma. “Quando eles entendem, por exemplo, o efeito que um café colhido no Sul de Minas, com determinada torra, pode conseguir num mercado consumidor como São Paulo, eles ficam muito estimulados.”
Com a operação impactada pela inflação em duas de suas matérias-primas mais importantes, o cacau e o café, a Nestlé tem buscado alternativas para driblar a alta de preços. “Ambos foram afetados por eventos climáticos, mas o café, que é uma indústria mais resiliente, já se normalizou”, diz ele. “Mesmo assim, esse efeito nos provocou para que tivéssemos de reinventar muitas formas de fazer as coisas.” Além de campanhas publicitárias e promoções, isso envolveu o desenvolvimento de produtos.
A Nestlé emprega mais de 30 mil pessoas no Brasil e tem 18 fábricas em São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Goiás, Rio Grande do Sul e Espírito Santo, além de 12 centros de distribuição e mais de 70 brokers (responsáveis por vendas, promoções, merchandising, armazenamento e distribuição).