• Narrativa da divisão de votos acabou ganhando um papel muito grande, diz Picchetti, do BC

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  • 07/jun 11:54
    Por Marianna Gualter e Gabriela Jucá / Estadão

    A narrativa da divisão de votos no Comitê de Política Monetária (Copom) de maio acabou ganhando um papel muito grande, afirmou nesta sexta-feira, 7, o diretor de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do Banco Central, Paulo Picchetti. “Apesar da divisão de votos, não existia divergência e continua não existindo no diagnóstico dessas questões tanto externas como internas”, disse. “A principal mensagem que gostaríamos de ter passado na ata era de unanimidade em relação ao diagnóstico dos problemas e ao compromisso de atingir o centro da meta no horizonte relevante de 2025.”

    Picchetti pontuou ainda que o BC está em um processo de aprendizagem, de desenvolvimento institucional diante das mudanças decorrentes do processo de autonomia. O economista salientou que daqui para frente é preciso que o comitê reafirme o compromisso com a convergência da inflação.

    “É um desafio enorme, mas que terá que ser perseguido, junto com o desafio do lado fiscal também”, disse o diretor sobre o objetivo de convergir à inflação ao centro da meta.

    Picchetti frisou mais de uma vez que o Banco Central não faz política fiscal e somente reage a depender da direção apontada pelos condicionantes. O diretor, porém, afirmou que vê um desafio político enorme nesse campo, mas espera que o governo tenha sucesso em realizar os ajustes necessários.

    Ele atrelou a desancoragem das expectativas de inflação de 2025 tanto ao ruído gerado pelo último Copom quanto ao cenário fiscal doméstico e ao cenário externo.

    O diretor também afirmou que acredita que a publicação do decreto da meta contínua de inflação, aguardado para as próximas semanas, deve contribuir para a credibilidade da política econômica.

    Pichetti ainda disse que a estimativa atual de 4,5% para a taxa de juro real neutra deve ser revisada no próximo Relatório Trimestral de Inflação (RTI).

    Ele lembrou que a taxa de juros real ex-ante brasileira é historicamente alta em relação às economias avançadas, mas, em relação às emergentes, a taxa não está entre as maiores, e o diferencial tem caído. “A questão é porque temos uma taxa neutra tão alta”, observou.

    Picchetti participou de seminário na Fundação Getulio Vargas (FGV), em São Paulo.

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