Não vamos fazer ‘apartheid’, diz prefeito de Duque de Caxias sobre vacinação
Apesar da intensa aglomeração de idosos, filas de quilômetros em vias de acesso ao distrito de Xerém e da recomendação do Ministério Público para que se respeitasse uma ordem de vacinação considerando as pessoas com mais idade, o prefeito de Duque de Caxias (RJ), Washington Reis (MDB), classificou como um sucesso a vacinação no município nessa sexta-feira, 5. Com cerca de 7,5 mil doses em estoque, Reis autorizou que todo grupo com mais de 60 anos fosse vacinado contra a covid-19. Estimou que 100 mil pessoas se enquadram nessa faixa etária.
“Se chegar a Duque de Caxias um milhão de vacinas, coloco infraestrutura nos quatro cantos da cidade e aplicamos esse um milhão de vacinas em um dia”, disse Reis ao Estadão no início da tarde desta sexta, enquanto acompanhava a vacinação no distrito de Xerém.
O prefeito, que teve covid-19 no passado e ficou internado em um hospital particular do Rio, garantiu ainda que a cidade da Baixada Fluminense tem a pandemia sob controle. “Eu tenho infraestrutura, estou ajudando o Rio, as cidades vizinhas. É lógico que não sou o dono da verdade. Se meus leitos ficarem superlotados de um dia para o outro, vou tomar medidas. Mas hoje, pelo contrário. Nós temos, e tenho certeza, o melhor protocolo de saúde”, assegurou
Por que o senhor decidiu ampliar a vacinação para o grupo com mais de 60 anos?
Concluímos a vacinação acima de 80, vacinamos os mais de doze mil profissionais da saúde com primeira e segunda doses, os profissionais de educação com mais de 60 anos, asilos, abrigos. Abrimos agora para os de 60 anos. Temos 100 mil habitantes (dentro dessa faixa etária) e sabemos que no início essa demanda é maior, mas estamos confiantes nas instituições, tanto União quanto governo do Estado, e temos uma infraestrutura de saúde que prova… Hoje vamos aplicar mais de 7,5 mil vacinas, e se eu tivesse hoje 20 mil vacinas, teria estrutura para executar esse programa. Vamos num período muito curto, com a vacina chegando, imunizar toda essa população idosa. É nessa pegada que a gente vem. E no início da pandemia comprei um hospital, coloquei 128 leitos de CTI exclusivo para a covid-19. Em nenhum momento amargamos falta de vaga. Hoje, na nossa cidade, tenho 40 pacientes só ocupando leitos, mais de 50 pacientes de fora, e tenho leito sobrando, diante de um Brasil que você observa muitas cidades menores ou até maiores que a nossa amargando infraestrutura de saúde.
O senhor falou que vacinou todos os idosos com mais de 80, e agora abriu direto para os idosos com mais de 60. O Ministério Público recomendou que se seguisse uma ordem decrescente e…
Mas o MP… Quem manda na cidade sou eu, que fui eleito e reeleito para governar. Estamos aqui – vai dar 14h10 -, concluindo a vacinação. Se você ocupar o drive-thru ou a fila aí, em 30 minutos vai ser vacinado. Nós temos ainda mais de mil vacinas.
Mas não procede a informação de que seriam 100 mil pessoas que poderiam ser vacinadas?
Procede! Temos aqui aproximadamente 100 mil pessoas (nessa faixa etária), numa cidade de 920 mil habitantes. Nós estamos iniciando na área rural, onde a nossa densidade é de 7%. Então são sete mil vacinas. Uns vêm de lá, outros vêm daqui. Não está faltando vacina.
São apenas as vacinas da primeira fase? Ou vocês estão usando as doses que seriam da segunda também como primeira?
Primeira fase! Estou aqui religiosamente em dia com nosso segunda dose.
São cerca de 100 mil pessoas, mas somente sete mil vacinas. O senhor conta que o restante irá chegar nos próximos dias?
Eu tenho certeza! O governo federal comprou agora 100 milhões de novas doses. Este exemplo que estamos mostrando aqui, de eficiência, a cidade de Duque de Caxias é a número um no avanço de vacinações. O mais importante agora é a gente sair daqui sem guardar uma dose na geladeira. Lugar de vacina é no braço e no corpo das pessoas, pra você criar aí uma proteção e evitar mortes e ocupação de leitos. Comprou, logística chegou, não pode guardar em lugar nenhum. Se chegar em Duque de Caxias um milhão de vacinas, coloco infraestrutura nos quatro cantos da cidade e nós aplicamos esse um milhão de vacinas em um dia.
A vacinação é apenas para cidadãos de Duque de Caxias? Vocês estão confirmando?
É inevitável, não vamos fazer nenhum movimento separatista, nenhum Soweto aqui, nenhum apartheid. Nós aqui estamos na região metropolitana, não tem como controlar. Não vou ficar olhando endereço de ninguém, não vou fazer esse veto. Vai rodando.
Está meio aglomerado aqui…
Não está meio aglomerado nada! Aglomerado está na praia, nas casas de shows. Aqui não, olha o ambiente tranquilo, dentro do carro, todo mundo com máscara. Hoje você vai a muitos ambientes, mercados, que é muito mais… Aqui pelo contrário, estamos fazendo em praças públicas, na rua, que fica arejado.
No Rio, o prefeito Eduardo Paes (DEM) ampliou as medidas restritivas a partir desta sexta. Em Duque de Caxias, está bem como está?
Tenho infraestrutura, estou ajudando o Rio, as cidades vizinhas. É lógico que não sou o dono da verdade. Se meus leitos ficarem superlotados de um dia para o outro, vou tomar medidas. Mas hoje, pelo contrário. Nós temos, e tenho certeza, o melhor protocolo de saúde. Por exemplo, Niterói. É o primeiro IDH do Rio de Janeiro e tem mais óbitos que Duque de Caxias, só que eles têm 402 mil habitantes a menos que Duque de Caxias. Fizeram lockdown, fecharam, esperaram o vírus em casa, levados pelos deliveries. A vida tem de estar normal. O povo só tem de ter responsabilidade, não fazer festas, não fazer aglomeração, não encher a praia, não fazer baile, festejo, carnavais, réveillon..