• Na ONU, Zelenski acusa Brasil e China de criar plano de paz para se promover

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • 26/set 07:02
    Por Redação / Estadão

    Em seu discurso na Assembleia-Geral da ONU ontem, em Nova York, o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, citou nominalmente o Brasil e questionou o interesse brasileiro na resolução da guerra na Ucrânia. Ele fazia referência a um plano do Brasil e da China para encerrar o conflito, divulgado em maio. Zelenski tem sido crítico e rejeita a iniciativa, que considera pró-Rússia.

    “Quando a dupla China e Brasil tenta convencer outros a apoiá-los, na Europa, na África, propondo uma alternativa a uma paz plena e justa, surge a pergunta: qual é o verdadeiro interesse deles? Todos precisam entender que não obterão mais poder à custa da Ucrânia”, disse Zelenski na tribuna do plenário da ONU.

    “Talvez alguém queira incluir um Nobel em sua biografia por um acordo de cessar-fogo em vez de uma paz efetiva. Mas o único prêmio que Putin lhe dará em troca é mais sofrimento”, afirmou.

    Ao comentar a fala de Zelenski, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que Brasil e China estão à disposição, mas “se os dois países (Ucrânia e Rússia) não quiserem conversar, não tem diálogo”. “Se ele (Zelenski) fosse esperto ele diria que a solução é diplomática e não militar”, disse Lula.

    Zelenski acusou Brasil e China de viabilizarem indiretamente os avanços de Putin com a proposta. O documento sino-brasileiro apresenta seis tópicos que recomendam a “interrupção imediata dos enfrentamentos” e alertam para os perigos do uso de armas nucleares, entre outros. Mas não menciona a integridade territorial da Ucrânia.

    Para uma negociação, a Ucrânia exige a retirada total das tropas dos seus territórios ocupados, incluindo a Crimeia – tomada e anexada pelos russos em 2014 – e partes de quatro províncias do leste ucraniano. A Rússia, por sua vez, afirma estar aberta a conversações, desde que Kiev abandone sua candidatura à Otan e se retire das mesmas quatro províncias do leste.

    “Quando alguns propõem alternativas, acordos frágeis ou, ainda, ‘conjuntos de princípios’, eles não apenas ignoram os interesses e o sofrimento dos ucranianos, como dão a (Vladimir) Putin espaço de atuação política para continuar a guerra”, afirmou.

    Segundo Zelenski, a Rússia está tentando ressuscitar um passado colonial e países como Brasil e China deveriam reconhecer isso ao invés de “tentar aumentar a sua própria influência global às custas da Ucrânia”. O ucraniano destacou que qualquer proposta de paz que considere que Kiev precise ceder cerca de 20% de território para acabar com a guerra é inaceitável.

    REUNIÃO

    Zelenski citou a proposta de forma direta, aludindo a uma reunião convocada por Pequim e Brasília com 19 países em desenvolvimento para discutir seu plano após o fim da Assembleia-Geral, amanhã, em Nova York. O assessor especial para assuntos internacionais, Celso Amorim, ficou em Nova York para a reunião promovida entre Brasil e China do grupo que é chamado de Amigos da Paz. Diplomatas, entretanto, não acreditam em alguma solução ou negociação efetiva antes de consumadas as eleições americanas.

    Zelenski já havia criticado o plano em ocasiões anteriores. A mais recente foi na terça-feira. Em pronunciamento ao Conselho de Segurança, ele sugeriu que a proposta não seguia os pressupostos de manutenção da paz que estão na fundação do organismo multilateral. Zelenski disse que a ONU não é o espaço adequado para discutir a paz na Ucrânia em razão da estrutura do Conselho de Segurança e o poder de veto da Rússia – um de seus membros permanentes. (Com agências internacionais)

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

    Últimas