• Músico reflete processo criativo à distância em clipe com Uyara Torrente

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  • 25/05/2021 15:41
    Por Redação / Tribuna de Petrópolis

    O guitarrista, produtor, cantor, compositor e arranjador Lucas Vasconcellos lança o clipe de “Vamos Tacar Fogo nas Coisas”, um dos destaques do álbum “Teoria da Terra Plena”, seu quarto trabalho solo. A faixa é uma parceria com Uyara Torrente, d’A Banda Mais Bonita da Cidade, e reflete os encontros e desencontros de um casal ao mesmo tempo que o vídeo retrata a distância dos processos de criação artística nos tempos atuais.

    “A letra surgiu por acaso, numa conversa que tive um dia com minha empresária. Um dia ela comentou comigo: ‘Cê já reparou que quando as pessoas têm medo ou vergonha de dizer algo pra alguém elas dizem em inglês, pra dar uma aliviada e parecer mais natural? Sempre pinta um ‘sorry’ quando você tem que pedir desculpas, um ‘Love you’ antes de um eu te amo, um ‘thanks’ nos agradecimentos do dia-a-dia…’ Achei essa percepção curiosíssima e muito real e quis trazer isso pra essa música, de um jeito mais afetuoso”, reflete Lucas.

    A faixa marca o início de uma parceria com Uyara, amiga do artista e com quem ele queria trabalhar há tempos. A inspiração para o dueto veio de “Endless Love”, icônica parceria de Lionel Richie e Diana Ross. A ideia de um amor representado em um dueto de cumplicidade é atualizada para o modo como o afeto é pensado no Brasil de 2021.

    Conhecido por integrar projetos variados – da intimidade de Letuce à imponência da Legião Urbana -, Lucas Vasconcellos faz desse trabalho um reencontro com canções de foro íntimo, inspiradas por uma mudança de ares: de um Rio de Janeiro ruidoso e tão presente em seus últimos lançamentos, para as montanhas da serra fluminense. “Teoria da Terra Plena” marca uma reconexão com os instrumentos acústicos. Após uma fase marcada por muitas experimentações com elementos eletrônicos e longos períodos excursionando pelo país, o músico se volta para seu home studio, onde criou ao longo dos últimos quatro anos – não apenas suas próprias canções, mas também realizou a produção de discos de músicos independentes. A lírica do álbum exalta o bucólico como o seu verdadeiro lugar de criação e liberdade.

    “Esse disco nasceu pra ser minha conexão com o presente. Sempre me senti, como compositor, de alguma maneira aprisionado pelas memórias ou muito ansioso por acontecimentos. Raras vezes na minha vida de criador eu consegui ter essa paz de olhar pra um trabalho meu e sentir que ele traduz o meu presente, sem urgências e sem nostalgias. Acho que esse é o traço matricial desse trabalho”, entrega Lucas. “Fazer um disco, no tempo de hoje, com o mundo desse jeito e sobretudo o Brasil do jeito que se encontra, culturalmente abandonado e marginalizado, me trouxe um desejo de ar, de respirar. Pude experimentar um pouco dessa sensação privilegiada de contato com a natureza, de fruição do silêncio, de poder olhar pra dentro e ressignificar os acontecimentos sociais de uma maneira menos afetada, mais íntima”, completa.

    Entre “Silenciosamente” (2016), seu terceiro disco solo, e 2021, o ecossistema da música tornou-se mais: mais dependente das redes sociais para divulgação de artistas independentes, mais focado nos lançamentos digitais. Com uma presença online mais serena, Lucas não se força ao ajuste “ao novo”, mas também não pretende levantar voz contra ele. Por outro lado, as tecnologias da comunicação não só lhe são bem-vindas como tornam possível a vida distante da cidade. Graças a elas, seu isolamento, que começou muito antes da atual pandemia, não foi tão isolado assim. Composições e gravações feitas com parceiros de forma remota pontuam todo o processo de criação do álbum. Esse processo é um dos personagens do clipe.

    “Teoria da Terra Plena” vem para somar a uma trajetória já de destaque no cenário independente nacional. Lucas Vasconcellos fundou, nos anos 2000, a banda Binario (2000-2008), que misturava rock, eletrônico e intervenções urbanas audiovisuais e com quem lançou quatro álbuns pelo selo britânico Far Out Recordings, além de outros dois pelo selo brasileiro Bolacha Discos. De 2008 a 2016, se dedicou ao Letuce com Letícia Novaes, resultando em três discos: “Plano de Fuga pra Cima dos Outros e de Mim” (2009), “Manja Perene” (2015) e “Estilhaça” (2016). 

    Nessas duas décadas de música, trabalhou ao lado de artistas renomados como Dado Villa-Lobos, Rodrigo Amarante, Lucas Santtana, Marcelo Jeneci, Tiê, Alice Caymmi, entre outros, e compôs trilhas para cinema e TV, culminando no prêmio de Melhor Trilha Sonora Original no Festival de Gramado para o longa-metragem “Riscado” (2011). Mas foi ainda em 2014 que Lucas começou a lançar seus trabalhos solo. Vieram então os discos “Falo de Coração” (2014), “Adotar Cachorros” (2015) e “Silenciosamente” (2016). Dois anos depois, realizou a trilha sonora para uma performance de dança, “Utopyas to everyday life”. Por fim, em 2020, retomou seus lançamentos com o single “Abissal”.

    “Teoria da Terra Plena” revisita as experiências vividas ao longo dos últimos anos, mas sem deixar de oferecer um olhar para o futuro. Seja virtualmente ou presencialmente, antigos parceiros retornaram colaborando como instrumentistas, arranjadores ou compositores; e novos colaboradores surgiram. Tudo para fazer de “Teoria da Terra Plena” um álbum plural e diverso – tanto quanto as experiências que o inspiraram. O álbum está disponível em todas as plataformas de música digital e o clipe, no canal do YouTube do artista.

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