Música ajuda no desenvolvimento de pacientes autistas
Estudos apontam que as pessoas com autismo têm a percepção intacta para melodias simples e um desempenho superior a indivíduos com desenvolvimento típico para processar elementos locais melódicos. Além disso, a música trabalha diretamente na socialização desses indivíduos, que geralmente têm dificuldade para se relacionar. Mas é importante ressaltar que eles possuem dificuldade para decifrar melodias complexas, por não terem uma visão global de séries de melodias que não apresentam o mesmo direcionamento. Em Petrópolis, o Grupo dos Amigos dos Autistas de Petrópolis (Gaape) atende alunos que possuem autismo e tem um projeto de música aplicado na unidade.
O músico Danilo Henriques, formado no Centro de Artes Suzuki, de 30 anos, é o responsável pelo projeto de musicalização e atende 35 pacientes do grupo. O trabalho foi iniciado em 2012 e tem como principal objetivo a socialização desses através da música, assim como a descoberta dos talentos de cada um deles. O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição geral para um grupo de desordens complexas do desenvolvimento do cérebro, antes, durante ou logo após o nascimento. Esses distúrbios se caracterizam pela dificuldade na comunicação social e comportamentos repetitivos. Embora todas as pessoas com TEA partilhem essas dificuldades, o seu estado irá afetá-las com intensidades diferentes.
Especialistas apontam que entre as pessoas com autismo podem ocorrer reduções nos níveis de atividade do córtex auditivo secundário, sendo que essa é a área do cérebro onde deveriam ser processados os sons da fala. Esses fatores fazem com que possa existir entre as pessoas com autismo um maior interesse por sons relacionados à música do que por sons vindos da fala. “Meu primeiro contato com a educação especial foi em 2006, em uma escola localizada no bairro de Nogueira. Trabalhei na escola de 2006 a 2010. O autismo foi um desafio para mim, pois nunca tinha trabalho com crianças que possuem esse transtorno, mas a música é uma ferramenta muito atrativa e eficaz, que foi aos poucos quebrando todos os obstáculos e barreiras entre mim e os pacientes”, disse emocionado.
De acordo com pesquisas cujos resultados foram obtidos a partir de análises fisiológicas de alterações na pele dos indivíduos pesquisados enquanto eles ouviam música, as pessoas com autismo costumam ter uma percepção apropriada dos sentimentos e emoções evocados pelas músicas. Ou seja, as pessoas com autismo em geral conseguiram identificar alegria, tranquilidade ou tristeza, ao ouvirem música, de maneira parecida com as pessoas neurotípicas.
Além do trabalho no Gaape, Danilo criou em 2012 o conhecido Coral dos Anjos, composto por pessoas que possuem algum tipo de deficiência. “Através desse projeto e a visibilidade que ele trouxe, fui convidado para trabalhar em outras instituições. O Coral dos Anjos é formado por 25 alunos entre cantores e instrumentistas. A regência fica por minha conta. O coral tem como objetivo a promoção social, fortalecendo a autoestima de cada integrante, desenvolvendo em cada um a musicalidade”, contou.
No decorrer do primeiro ano de existência o coral teve o reconhecimento do seu trabalho dentro e fora da cidade de Petrópolis. O coral já se apresentou no Projeto Brasil Musical; Projeto A Cor da Cultura; Desfile Cívico; Dia Internacional da Síndrome de Down; Consciência Ampla; Baile da Feliz Idade; Natal do Inpas; Natal de Luz; Uerj – Alunos e professores do curso de Educação Física; Senac Rio, entre muitos outros.