• Museu Memória Negra reúne acervo com a história afro-brasileira em Petrópolis

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  • 20/11/2021 12:10
    Por Luana Motta

    A iniciativa começou em um trabalho para uma disciplina do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), no campus Petrópolis, em 2018, mas acabou ganhando uma proporção que saiu do espaço acadêmico. O idealizador do Museu Memória Negra Petrópolis, o estudante de arquitetura Filipe Graciano, conta que travou um verdadeiro compromisso em reivindicar um espaço para narrar a memória de homens e mulheres afro-brasileiros na cidade. 

    A proposta, que está sendo lançada neste sábado, Dia da Consciência Negra, é de um espaço virtual que reúne produções audiovisuais que narram a presença de pessoas negras na cidade. Um acervo de fotos e vídeos de raízes familiares, culturais, arquitetônicas e religiosas em Petrópolis. 

    O Museu é coordenado por um coletivo, formado pelo Filipe, que se forma, neste ano, em Arquitetura e Urbanismo, a advogada Karoline Cerqueira, o historiador Lucas Ventura e o artista plástico Pedro Ivo Cipriano. Juntos, iniciaram no ano passado o que eles chamam de “realização existencial” do projeto, fazendo planejamento e a institucionalização do Museu.

    A médio e longo prazo, o projeto ganhará um espaço físico para exposições. Além de uma exposição itinerante por toda a cidade. “Nosso papel enquanto museu é trabalhar a narrativa, mas também conectar essas narrativas e memórias a outras pessoas”, disse Filipe.

    O artista plástico Pedro Ivo Cipriano tem a história contada no acervo do Museu Memória Negra Petrópolis (Foto: Divulgação/MMNP)

    O acervo tem a proposta de ser contínuo, trazendo histórias do passado e presente. Filipe explica que na cosmologia africana falar de memória não é o mesmo que falar de lembrança, falar de memória é falar de presença. E o projeto pretende garantir que histórias futuras também sejam contadas.

    Por meio de cartografia, a curadoria está criando um mapa com eventos e registros históricos. Como, por exemplo, o marco de onde ficava o Pelourinho – lugar onde os escravizados eram castigados, na Praça da Liberdade; o cemitério dos africanos, na Rua Montecaseros; a igreja na Praça da Inconfidência que se chamava Igreja do Rosário dos Homens Pretos, e que hoje se chama apenas Igreja de Nossa Senhora do Rosário, primeira igreja construída por homens negros na cidade. “A ideia é fazer um circuito através dessa cartografia. A pessoa que acessa o Museu virtual consegue fazer o circuito pelo mapa”, explica Filipe.

    Práticas culturais e religiosas presentes e passadas também serão contadas, a ideia é mapear e dar visibilidade para essas manifestações. A ideia da curadoria é expor trabalhos de artistas locais. “Não queremos colecionar corrente, não queremos colecionar instrumentos de escravidão. Queremos representar uma outra imagem negra, o acervo que queremos organizar é um acervo que mostre toda potencialidade”, disse Filipe.

    O acervo virtual está disponível no Instagram @museumemorianegrapetropolis

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