Museu Imperial sente reflexo de crise econômica que afeta o país
O Museu Imperial, um dos pontos turísticos mais importantes da cidade, está sendo diretamente afetado com a crise econômica que o país está enfrentando. O movimento no palácio, que serviu como residência de verão para o Imperador D. Pedro II, registrou queda de 13% do número de visitantes. Além disso, no mês passado, a instituição já havia divulgado a interrupção do espetáculo “Um Sarau Imperial”, como forma de se adequar aos limites de despesas exigidos pelas medidas de racionalização do gasto nas contratações adotadas pelo Governo Federal. A última apresentação do espetáculo acontece no próximo dia 15.
Segundo dados do Museu Imperial, a apresentação do espetáculo Som e Luz também apresentou uma pequena queda de público esse ano. Uma diminuição de cerca de 2%. Apenas, o espetáculo Um Sarau Imperial apresentou um pequeno aumento de 0,8%. Já com relação ao número de alunos que vinham para a cidade por meio da Secretaria de Educação, a queda foi de 19%.
O diretor o Museu, Maurício Vicente Ferreira Junior explicou que recebeu orientação do Governo Federal para reduzir os custos, principalmente na área de manutenção, em 31%. Com isso, 16 dos 180 funcionários terceirizados foram dispensados. Ele explicou que este setor engloba as áreas de segurança, limpeza, prestação de serviço, secretaria e apoio administrativo. Apenas foram mantidos todos os empregados que trabalham com segurança e limpeza, serviços essenciais para a manutenção do prédio histórico. Com isso, foram reduzidos profissionais da secretaria, recepção, recepção do espetáculo Som e Luz, jardinagem e do Sarau.
A fim de não interromper definitivamente o Sarau Imperial, Maurício comentou que vai disponibilizar a partir de amanhã o edital de licitação para que alguma empresa possa explorar o projeto. “Esta é uma maneira de não gerar custos para o Museu”, declarou. Ao todo, a instituição possui 36 funcionários diretos.
Com relação a queda no movimento, ele explicou que é uma oscilação normal para o período, que deve mudar nos próximos anos. “A expectativa é que em julho e agosto esse número aumente, principalmente, por conta da realização dos Jogos Olímpicos, no Rio de Janeiro”.
O Museu de Cera, que funciona há quatro anos na Rua Barão do Amazonas, também sentiu diminuição do movimento. De acordo com o supervisor administrativo, houve queda em comparação com o primeiro trimestre do ano passado. “Ainda estamos fechando o cálculo dessa diminuição, mas já percebemos que o número acompanha a redução dos grupos de turistas na cidade”, comentou. A instituição tem, uma visita diária, em torno de 300 pessoas.
A situação reflete o dado divulgado pelo guia de turismo José Pedro Soares, que disse que houve uma queda de 80% da vinda de grupos de turistas para a cidade. O presidente da Associação de Guias de Turismo de Petrópolis, André Luís do Amaral confirmou a afirmação. Atualmente, a entidade possui 57 associados e ele disse que o trabalho do setor em Petrópolis está, realmente, complicado. “Atuo há 30 anos na área e esse ano – de janeiro até agora- só trabalhei duas vezes. Estou tendo que procurar outros serviços”, disse.
De acordo com o guia, nesse período do ano, a cidade recebe, em média, 12 ônibus diariamente. Porém, nos últimos dias esse número foi reduzido a zero. “O movimento em Petrópolis despencou e isso é muito ruim para uma cidade, que vive do turismo”, afirmou. Ele concordou com José Pedro de que o setor enfrentou uma crise em 1988, após os deslizamentos provocados pelas chuvas, mas que, nem em 2011, quando uma tragédia atingiu a região do Vale do Cuiabá, a situação ficou tão ruim, como está agora. “Essa época do ano sempre atrai o turismo pedagógico e não temos registrado nem procura”. Para o guia, esse cenário reflete a crise que o país enfrenta e a incerteza com relação aos rumos políticos do país.
A Fundação de Cultura e Turismo de Petrópolis (FCTP) foi procurada para comentar o assunto, mas não se pronunciou até o fechamento da edição.