Museu da Língua Portuguesa traz programação especial dedicada ao idioma
José Saramago, que faria cem anos neste 2022, costumava dizer que existem muitas línguas portuguesas no mundo. Sob este espírito, os curadores Felipe Hirsch e Isa Grinspum organizaram uma programação plural em comemoração ao Dia Internacional da Língua Portuguesa, celebrado nesta quinta-feira, 5. “Quando assisti à peça do Felipe (Língua Brasileira) , fiquei impressionada com a proposta, porque o português é apenas uma das línguas brasileiras, existem mais de 150 línguas indígenas”, conta Grinspum.
“A gente tem que discutir a língua portuguesa brasileira a partir das raízes africanas e nativas. É importante que se discuta a ideia de pátria, de nação”, conta Hirsch, que convidou artistas, pensadores e escritores para abordar diversos eixos, desde uma prosa sobre Camões com muitas brasilidade à ciranda, proposta por Lia de Itamaracá, que também está em cartaz no Itaú cultural.
No princípio, a peça Língua Brasileira, que ficou em cartaz até fevereiro, serviu como inspiração para a dupla. Hirsch contou com composições de Tom Zé e elevou essa discussão em um experimento interessante: um discurso de 40 minutos com as línguas faladas no Brasil antes do português.
Tema que ganha cada vez mais bibliografia, a programação contempla histórias dos povos originários a partir do dia 5, em uma mesa com a muralista e educadora Daiara Tukano e a agricultora e agente ambiental Jera Guarani. Elas se reúnem para participar de ‘Os mitos de criação’. As duas conversam sobre diferentes cosmovisões dos povos originários do Brasil.
A programação também trará Ailton Krenak para uma palestra sobre a ideia de nação. Ativista pela defesa dos direitos indígenas, ele apresenta seus pensamentos sobre a vida das comunidades ribeirinhas e indígenas no Brasil contemporâneo na mesa ‘A ideia de nação’. Krenak, que tem sua obra editada em vários países, teve uma sequência de livros lançados recentemente, ele aborda a relação do homem com a natureza, como em Ideias Para Adiar O Fim do Mundo.
“Está no DNA do Museu da Língua Portuguesa mostrar que há muitas variantes do português no Brasil e no mundo”, diz Grinspum, ela lembra o centenário de Saramago, Prêmio Nobel de Literatura que fez da língua portuguesa objeto de devoção.
Na programação, no dia 7, o Museu inaugura a Ocupação O Conto da Ilha Desconhecida. O Saguão B vai receber uma barca inflável, criada pela companhia Pia Fraus, inspirada na história do livro homônimo de José Saramago. A ação é uma homenagem ao centenário do autor de Ensaio Sobre A Cegueira.
No sábado, para relembrar esse percurso a jornalista Pilar del Río e o escritor Milton Hatoum falam sobre as línguas portuguesas no plural, num dos eventos que fecham a programação.
PROGRAMAÇÃO
5 de maio (quinta-feira)
10h
AULA ABERTA – Língua Brasileira
A programação do Dia Internacional da Língua Portuguesa será aberta com uma conversa de Caetano Galindo com estudantes do 6º e do 7º anos da EMEF Infante Dom Henrique. Galindo é professor de história e autor do livro “Sim, eu digo sim: uma visita guiada ao Ulysses de James Joyce”.
Na Praça da Língua (evento fechado para os alunos da escola)
16h
MESA – Camões com Dendê
A professora e etnolinguista Yeda Pessoa de Castro bate um papo com o escritor Caetano Galindo na mesa “Camões com Dendê” sobre a influência dos falares africanos na língua portuguesa do Brasil. Após o encontro, ela lança o livro de mesmo nome no terraço do Museu.
No Auditório
17h
Lançamento do livro “Camões com Dendê”, de Yeda Pessoa de Castro
No Terraço
18h
MESA – Os mitos de criação
A muralista e educadora Daiara Tukano e a agricultora e agente ambiental Jera Guarani se reúnem para participar da mesa “Os mitos de criação”. Na conversa, as duas pretendem debater sobre as diferentes cosmovisões dos povos originários do Brasil.
Na Praça da Língua
20h
SHOW – “Padê”
Faixas do álbum “Padê”, lançado em 2018, estão no repertório do pocket show que a cantora Juçara Marçal e o músico Kiko Dinucci apresentam na Praça da Língua.
Na Praça da Língua
*
6 de maio (sexta-feira)
12h
PERFORMANCE – Zion Gate Sound System e Batalha do Santa Cruz – Ritmo e Poesia na Gare da Luz
O Zion Gate Sound System e a Batalha do Santa Cruz são os responsáveis pela apresentação Ritmo e Poesia na Gare da Luz. A performance acontece na hora do almoço. Para esta apresentação, não é necessário retirar ingresso.
No Saguão Central da CPTM
(sem a necessidade de retirada de ingressos)
14h
MESA – Experimentos com Linguagem
A mesa “Experimentos com Linguagem”, que reúne a escritora Veronica Stigger e o filósofo Juliano Pessanha, debaterá aspectos da literatura experimental.
No Auditório
17h
MESA – A ideia de nação
O ativista do movimento socioambiental e de defesa dos direitos indígenas apresenta seus pensamentos sobre a vida das comunidades ribeirinhas e indígenas no Brasil contemporâneo na mesa “A ideia de nação”.
No Auditório
19h
SHOW – “Ciranda Sem Fim”
Presente na experiência Falares, da exposição principal do Museu da Língua Portuguesa, Lia de Itamaracá apresenta o show “Ciranda Sem Fim”. A performance contará com a participação do DJ Dolores.
Na Praça da Língua
7 de maio (sábado)
11h
Abertura da instalação O Conto da Ilha Desconhecida
No último dia da semana do Dia Internacional da Língua Portuguesa, o Museu inaugura a Ocupação O Conto da Ilha Desconhecida. O Saguão B vai receber uma barca inflável, criada pela companhia Pia Fraus, inspirada na história do livro homônimo de José Saramago. A ação é uma homenagem ao centenário do escritor, único autor em língua portuguesa a ganhar um Nobel de Literatura.
No Saguão B
12h
SHOW – Orquestra Mundana Refugi
A Orquestra Mundana Refugi, que reúne músicos brasileiros, imigrantes e refugiados, toca no Saguão Central da CPTM.
No Saguão Central da CPTM
(sem a necessidade de retirada de ingressos)
14h
MESA – Línguas Portuguesas
A língua portuguesa é falada por milhões de pessoas em diferentes partes do mundo. Nascida num pequeno recanto da Galícia, espalhou-se pelo planeta e ganhou variantes. A jornalista Pilar del Río e o escritor Milton Hatoum falam sobre as línguas portuguesas no plural.
No Auditório
14h
PERFORMANCE – “Ciranda do Gatilho”
Com Bernardo Oliveira e Saskia
Mini Auditório
(para visitantes regulares do Museu)
17h30
MESA – Glotocídio e Incêndios
Críticos da atual política ambiental, a jornalista Eliane Brum e o líder indígena André Baniwa participam da mesa “Glotocídio e Incêndios”. Na pauta, o desmatamento da Amazônia e os violentos crimes contra os povos originários. A mediação será da jornalista Maria Fernanda Ribeiro.
No Auditório
19h30
SHOW – Cenas e músicas da peça Língua Brasileira
A partir da música Língua Brasileira, de Tom Zé, nasceu a colaboração entre o compositor, Felipe Hirsch e o coletivo Ultralíricos. Desse trabalho conjunto surgiu o espetáculo “Língua Brasileira”, uma epopeia dos povos que formaram a língua que falamos. Cenas e músicas da peça serão apresentadas no encerramento da programação.
Na Praça da Língua
Filmes no Mini Auditório do Museu
No dia 5, será exibido em looping o filme Marcha à Ré, de Eryk Rocha, sobre performance realizada por Nuno Ramos e o Teatro da Vertigem (nesta data, às 17h, Rocha e Antônio Araújo conversam com o público presente). No dia 6, é a vez do filme KOPENAWA, uma entrevista com Davi Kopenawa registrada dentro do Museu. No dia 7, é exibida uma produção dirigida por Carlos Nader. Os eventos no Mini Auditório são para os visitantes regulares do Museu da Língua Portuguesa.
Todas as atividades do evento serão filmadas. As gravações resultarão em um documentário dirigido pelo próprio Hirsch e com produção da Café Royal.