• Mundo não parece caminhar para cenário de estagflação, diz diretor do Fed

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  • 19/10/2021 17:20
    Por Iander Porcella / Estadão

    O diretor do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) Christopher Waller disse nesta terça-feira, 19, que o mundo não parece estar prestes a enfrentar um cenário tradicional de estagflação. Durante um evento virtual organizado pela Universidade de Stanford, o dirigente afirmou que os preços podem continuar em alta, mas o mercado de trabalho não deve piorar.

    Na avaliação de Waller, embora tenha havido uma desaceleração “significativa” do crescimento no terceiro trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos deve se recuperar no primeiro semestre de 2022.

    As causas desse freio na retomada econômica, segundo o dirigente do Fed, são o aumento repentino de casos de covid-19 ligados à variante Delta e a expansão das restrições de oferta.

    Waller, contudo, espera que essa moderação da retomada seja “temporária”. Ele disse que o impacto da Delta parece já ter chegado ao pico. “Esse atraso significa que minhas perspectivas de médio prazo para o crescimento econômico realmente não mudaram muito, e que prevejo que a forte recuperação continuará”, afirmou.

    Cenário de inflação

    O diretor do Federal Reserve disse ainda esperar que a alta da inflação nos Estados Unidos desacelere no próximo ano, mas ressaltou que ainda está “muito preocupado” com o risco de a inflação não ser transitória. “A inflação tem estado mais alta este ano do que eu e a maioria dos analistas esperavam. Não tem estado alto há apenas um ou dois meses, tem estado alta o ano todo. É importante reconhecer isso”, afirmou.

    Waller ainda espera que a inflação norte-americana, atualmente acima de 5% no acumulado em 12 meses, convirja para a meta de 2% em 2022. “Para o Fed, a questão é se a inflação mais alta neste ano prejudica o movimento em direção às nossas metas econômicas”, frisou.

    Na visão dele, os próximos meses serão “cruciais” para determinar a alta inflacionária é transitória ou não. Ele disse que está acompanhando de perto os preços dos serviços de habitação, que podem indicar uma inflação mais permanente.

    Resposta ‘mais agressiva’

    O diretor do Federal Reserve disse também que um cenário no qual a inflação continua alta nos Estados Unidos pode exigir uma resposta da política monetária “mais agressiva” do que apenas o processo de tapering, a redução gradual das compras de ativos.

    “Se as leituras mensais da inflação continuarem altas durante o restante deste ano, uma resposta de política mais agressiva do que apenas um tapering pode ser justificada em 2022″, afirmou o dirigente.

    Segundo Waller, uma elevação antecipada da taxa básica de juros, atualmente na faixa entre 0% e 0,25% ao ano, poderia ocorrer se o risco de a inflação ficar “consideravelmente” acima de 2% no próximo ano se concretizar. “Uma consideração importante será o meu julgamento sobre se as expectativas de inflação correm o risco de se tornarem ‘desancoradas'”, frisou.

    Em um cenário como esse, de acordo com Waller, a meta inflacionária do Fed perderia credibilidade.

    Cronograma

    O diretor do Federal Reserve disse ainda nesta terça-feira que é favor de um cronograma para o tapering no qual o processo de redução gradual das compras de ativos termine em meados de 2022.

    Na avaliação do dirigente, já houve “progresso substancial” em direção às metas de inflação e máximo emprego do Fed. Esse foi o critério estabelecido pela instituição, no forward guidance adotado em dezembro de 2020, para iniciar o processo de retirada dos estímulos à economia. “Podemos ter ganhos de emprego muito saudáveis no último trimestre deste ano.”

    E ponderou: “É claro que, se as condições econômicas e as perspectivas se deteriorassem significativamente, poderíamos desacelerar ou interromper essa redução.”

    Por outro lado, se a economia se fortalecer mais do que o esperado, segundo o dirigente do Fed, encerrar o tapering na metade de 2022 abriria espaço para uma elevação antecipada da taxa básica de juros.

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