• Mulheres de fibra

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  • 26/01/2016 12:00



    As duas últimas semanas foram de grande tristeza em Petrópolis. As chuvas, novamente, trouxeram destruição, atingindo as mesmas paragens de sempre, em lugares onde a população, que pouco ou nada tem, edifica suas casas nos beirais das escarpas macias de terra vermelha, saibro e lama. Culpar a quem? Aos governos? Sim, pelo estado de miséria e abandono de comandados de pouca instrução e mínimas oportunidades, numa pátria educadora… de quê?

    Porém, o propósito da crônica é assinalar a morte serena no lugar da partida sinistra em função das intempéries.

    Nas duas semanas findas faleceram três grandes damas, do meu relacionamento familiar a de amizade.

    Familiar, a senhora Nair Nogueira dos Santos, viúva de meu saudoso irmão Paulo Jeronymo Gomes dos Santos, dedicada ao lar e à família, com serenidade, sabedoria, fidalguia, exemplo digno de mulher, que nos deixou aos 93 anos bem vividos,

    Pela amizade, que vem de duas gerações, a Srª Maria Flor do Destino Bezerra Cavaco Pereira Rego, filha do grande tribuno, escritor, dramaturgo Carlos Cavaco, meu colega acadêmico da Academia Petropolitana de Letras. Maria Flor do Destino foi mulher de fibra, de coragem, de rara inteligência, dedicada à família e ao trabalho junto à esfera pública, belíssima criatura humana.

    E a esposa de meu querido amigo e mestre de História, Professor Jeronymo Ferreira Alves Netto, a Srª Helena Maria Ferreira Alves, de bela cultura, dedicada à grande família                    com seu esposo em apoio e ao lado, deixando exemplos de vida que honram a aguerrida mulher petropolitana.

    Três mulheres de fibra, amor à vida, todas com missão cumprida nesta estrada de passagem.

    Meu dileto amigo Professor Pedro Rubens Pantolla de Carvalho, sobre o qual editei recente livro biográfico, exaltando a sua figura de educador e rara personalidade humana, presenteou-me, em carta, com uma sentença que define a verdadeira e única amizade, quando afirmou, ao referir-se à nossa distância diante dos caminhos profissionais e da própria vida, que não nos aproximava amiúde fisicamente: “[…] Mas não vai ser esse imponderável que haverá de deitar por chão essa nossa amizade. Vez por outra ela se manifesta fortemente, independentemente de tempo e lugar […]”

    Muita sabedoria e razão de Pedro Rubens, que endosso na recordação de três personalidades que sempre marcaram meu trajeto, de forma ampla ou restrita, mas sempre presentes independentemente de tempo e lugar.

    E frutificarão os bons exemplos nas belas famílias que elas edificaram e amaram tanto.

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