• MP apura se Corinthians fez uso de imóvel de empresário ligado ao PCC

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  • 16/set 20:00
    Por Bruno Accorsi e Rodrigo Sampaio / Estadão

    O Ministério Público de São Paulo (MPSP) apura se jogadores do Corinthians fizeram uso de um imóvel que pertence a José Carlos Gonçalves, mais conhecido como Alemão, empresário ligado ao PCC. O questionamento veio à tona após a promotoria colher os depoimentos de membros do clube na esteira da investigação sobre o uso indevido de cartões corporativos. A informação foi divulgada primeiramente pelo GE e confirmada pelo Estadão.

    O imóvel teria sido alugado para o uso, em diferentes momentos, dos jogadores Fausto Vera, hoje no Atlético-MG, Rodrigo Garro e Talles Magno. A promotoria investiga se o trio morou de fato no local e se o Corinthians atuou como intermediário. Não há qualquer suspeita de crime em relação aos atletas, mas o promotor Cássio Roberto Conserino pediu que eles se manifestem como testemunhas.

    O Corinthians diz estar “à disposição da Justiça para colaborar com as informações que forem solicitadas”. Nesta terça, inclusive, informou que entregou os documentos solicitados pelo MP relativos aos cartões de crédito e relatórios de despesas dos mandatos de Augusto Melo, Duílio Monteiro Alves e Andrés Sanchez.

    Dono do imóvel que despertou a atenção das autoridades, José Carlos Gonçalves, o Alemão, foi investigado pela Polícia Federal durante a Operação Rei do Crime, em 2020, sob a suspeita de lavar dinheiro do PCC. Ele também é citado na Operação Carbono Oculto, deflagrada em agosto de 2025, que investiga a atuação da organização criminosa no setor de combustíveis.

    Nos autos da investigação conjunta do Ministério Público, Policia Federal e Receitas Estadual e Federal, o empresário é apresentado como ‘financiador’ do narcotraficante Wagner ‘Cabelo Duro’, morto em 2018. Além disso, teria conexões com Antônio Vinícius Gritzbach, delator do PCC assassinado no dia 8 de novembro de 2024 no aeroporto de Guarulhos, a mando de criminosos da facção.

    Gritzbach também teve seu nome indiretamente ligado ao Corinthians. Em sua delação, ele apontou a UJ Football Talent, agência de assessoria esportiva, como parte do braço do PCC no mundo do futebol. A empresa, que nega essa relação, foi o destino final de R$ 1.074.150,00 desviados do contrato entre o clube paulista e a Vai de Bet, após o valor passar por uma série de empresas laranjas.

    A investigação do Ministério Público sobre gastos indevidos no Corinthians após reportagem do GE indiciar movimentações suspeitas na gestão de Duílio Monteiro Alves. Apenas na última semana de outubro de 2023, o Corinthians gastou R$ 32,5 mil em uma empresa de alimentos (Oliveira Minimercado Ltda) cujo endereço não consta “qualquer comércio ou resquício de comércio”. O promotor Cassio Roberto Conserino destaca que foi até o local e constatou in loco que, de fato, naquele endereço “não consta ou constou comércio algum”.

    Tudo começou com faturas do cartão corporativo do clube vazadas nas redes sociais. Antes do caso de Duílio vir à tona, Andrés Sanchez admitiu ter feito uso indevido, mas por engano, ao confundir seu cartão pessoal com o do clube durante uma viagem de Réveillon entre o final de 2020 e o início de 2021. O gasto foi de R$ 9.416 e ele restituiu o clube com juros após o episódio ganhar publicidade.

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