Motta avalia que Lula ‘vem com força’ em 2026 e vê direita ainda ‘desorganizada’
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), disse acreditar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vem forte para a reeleição em 2026, enquanto a direita está mais “desorganizada” entre vários presidenciáveis. As declarações ocorreram durante a conferência Macro Day, realizada pelo banco BTG Pactual, nesta segunda-feira, 22, em São Paulo.
“Analisando de forma muito imparcial, você tem a esquerda aglutinada e unida em torno da possível reeleição do presidente Lula. Acho que a esquerda está organizada nesse sentido, e o presidente está tentando tracionar essa discussão internacional, que na minha avaliação, ajudou o presidente, no ponto de vista da soberania”, avaliou.
O parlamentar acrescentou que o governo Lula “reposicionou o discurso”: “Do ponto de vista da comunicação, a esquerda cresceu. Então, o presidente vem para a reeleição com força”.
Em virtude das sanções impostas pelos Estados Unidos em retaliação ao processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e, posteriormente, à sua condenação, o governo federal adotou um posicionamento de defesa da soberania que refletiu em uma melhora de popularidade. O slogan do governo passou de “União e Reconstrução” para “Do lado do povo brasileiro”.
Pesquisas apontaram uma boa avaliação da gestão diante da crise causada por fatores como o tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, a cassação de vistos de autoridades e a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Pelo menos 18 pessoas já foram sancionadas pelos EUA, entre ministros, juízes, seus cônjuges e filhos.
Ao falar sobre a direita, Motta disse acreditar que a opinião de Bolsonaro terá relevância no cenário eleitoral de 2026. “A direita está um pouco mais desorganizada, na minha avaliação. Porque, primeiro, não se sabe o que o presidente Bolsonaro irá fazer, quem ele vai apoiar”, disse.
Para exemplificar a pulverização dos nomes da direita, ele citou os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos); do Paraná, Ratinho Júnior (PSD); e de Goiás, Ronaldo Caiado (União). “Você tem várias opções”, disse, acrescentando que seu palpite é de que as eleições de 2026 serão polarizadas como as de 2022. “O Brasil segue dividido”, avaliou.
Segundo ele, tanto esquerda como direita tem dificuldades para falar com o eleitor que não se identifica com nenhum dos dois espectros políticos. “Vejo que tem uma fadiga dessa dicotomia. Então, vai levar esse eleitor quem tiver mais habilidade e mais condição de garantir entregas”, disse.
Questionado sobre o próprio posicionamento para as eleições presidenciais de 2026, Motta disse que aguarda o posicionamento do Republicanos. Essa também é a sigla de Tarcísio, cotado como possível sucessor de Bolsonaro no campo da direita.
“Eu sou um homem de partido. Eu sou do Republicanos, eu tenho no presidente Marcos Pereira um líder político. Eu tenho que aguardar o posicionamento do meu partido”, afirmou o presidente da Câmara.
Motta também disse que, devido à sua função, “é melhor para o País” que ele não expresse suas preferências para 2026: “Se eu externo hoje a minha posição política, ela acaba atrapalhando o meu dia a partir do minuto seguinte.”