• Mostra francesa vai exibir ‘O Próximo Passo’

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  • 21/06/2022 08:00
    Por Luiz Carlos Merten, especial para o Estadão / Estadão

    Há 12 semanas em cartaz nos cinemas da França, O Próximo Passo ultrapassou 1,5 milhão de espectadores e permanece ancorado nos Top 20 – os 20 filmes de maior bilheteria no país. Cédric Klapisch comemora numa entrevista por Zoom, de Paris. Seu filme integra a seleção do Festival Varilux do Cinema Francês que começa nesta terça, 21. O evento presencial exibirá – até 6 de julho -, em salas de todo o Brasil, 17 obras em pré-estreia, mais dois filmes em homenagem e um clássico para comemorar os 400 anos de nascimento de Molière. A relação completa está no site https://variluxcinefrances.com.

    Todos os filmes, e também séries, já foram comprados para exibição no Brasil. Klapisch é um diretor conhecido do público brasileiro por filmes como O Gato Sumiu, Albergue Espanhol, Bonecas Russas e também pela série 10%. “Imagino que, no Brasil, seja a mesma coisa. Fazer 1,5 milhão de público no momento atual é um acontecimento. A pandemia mudou a relação dos espectadores com o cinema. Muita gente ainda tem medo de voltar às salas e prefere ver os filmes em casa, no streaming.”

    Klapisch conta que terminou na semana passada sua nova série. “É o que me permite estar conversando com você agora. Há uma semana não conseguiria.” A série, que se chama Greek Salad e está sendo feita sob a bandeira da Amazon Prime para estrear em 2023, tem “os filhos de Romain Durys em Albergue Espanhol”, conta. E acrescenta: “O Próximo Passo é meu 14.º filme e ele está no sétimo. Romain tinha 19 anos e não havia feito cinema quando estreou comigo.”

    SERIADOS

    Os seriados entram com força no 13.º Festival Varilux. Em Cannes, em maio, o assunto esteve na ordem do dia, um pouco pela apresentação da série que Oliver ‘Carlos’ Assayas adaptou de seu longa Irma Vep, de 1996. Maggie Cheung chega do Oriente para estrelar uma nova versão para a TV do clássico de Louis Feuillade. Participa do novo elenco uma estrela norte-americana de blockbusters – interpretada por Alicia Vikander. No caso de Klapisch, ele realizou apenas dois episódios de 10%. Agora, assina uma série inteira.

    Ele revela que sempre foi atraído pelo universo da dança. Sonhava com um filme sobre o tema. “A Ópera (de Paris) me chamou para documentar o processo criativo de quatro coreógrafos. Foi assim que conheci Hofesh Shechter e o meu sonhado filme sobre dança começou a se tornar viável.” Faltava a bailarina. “Quando conheci Marion Barbeau, o ciclo fechou-se. Já tinha os elementos principais.” Na trama, e de cara, em pleno palco, Marion descobre que está sendo traída pelo amante bailarino. Perturbada, sofre um acidente grave no pé. Terá de abandonar a dança clássica e buscar uma saída na contemporânea.

    SUPERAÇÃO

    É uma história de superação e descoberta. Uma cena: Marion chega para uma sessão de fisioterapia. Percebe que o cara está arrasado. O que foi? A namorada dele, que dizia detestar bailarinos, é a nova amante do ex de Marion. Ele chora. “Queria muito realçar a feminilidade de Marion, e da personagem, Élise. Essa cena propõe quase uma inversão, ao expor a fragilidade do homem. Encarei-a como uma comédia, fazendo humor sobre algo dramático. É minha homenagem aos mestres italianos.” Quais? “(Federico) Fellini é o meu diretor preferido, mas também gosto muito de Dino Risi. Fellini não é exatamente um diretor de comédias, mas tinha senso de humor. Risi, sim, é um grande tragicômico.”

    Quais foram suas referências de dança? Sapatinhos Vermelhos, de Michael Powell, o balé de Sinfonia de Paris, de Vincente Minnelli? “Adoro musicais, mas nenhum desses me influenciou. Muito mais o La Danse, de Frederick Wiseman. E Cantando na Chuva, que conhecia do vídeo e do DVD, mas só assisti no cinema há uns quatro anos.”

    O repórter arrisca uma interpretação. Em A Fratura, Catherine Corsini já filmou um hospital sob pressão. A bailarina que sofre a fratura precisa evoluir. São filmes sobre a França de Emmanuel Macron, acossada pela direita? “O filme de Catherine é mais social. O meu nasceu no isolamento, mas é mais psicológico, sobre a arte. Mas, sim, acho que estamos todos querendo refletir sobre o momento que vivemos.”

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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