• Morte anunciada

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  • 08/08/2019 09:45

    Necessitar de atendimento em qualquer unidade pública de Saúde hoje equivale a uma sentença de morte. Se não morrer na fila por falta de atendimento e conseguir o milagre da internação num corredor lotado, o infeliz inevitavelmente há de sucumbir à negligência ou aos inúmeros tipos de infecção que ilustram a falta de estrutura dos hospitais públicos e a omissão das autoridades a respeito.

    É a vida se tornando inviável, e só quem sente na própria carne percebe a gravidade da situação da Saúde Pública no país. Às autoridades só interessam números índices manipuláveis para apresentar como resultados na época das eleições. Todos eles têm bons planos de saúde e acesso aos melhores médicos e instituições particulares, onde os pobres sequer passam da porta. Prova de que suas preocupações com Saúde e Educação, elencadas como prioridade por todos os candidatos em todos os pleitos, não passam de demagogia, bordões recitados mecanicamente sem qualquer compromisso. E não poderia ser de outra forma, já que ao Poder Público, hegemonizado por nossa burguesia mesquinha, reservam-se outras prioridades mais ligadas ao mercado que à vida.

    Quando os golpistas liderados pelo usurpador Temer aproveitaram o ambiente propício para implantar a agenda do capital contra o povo, não titubearam em arranjar um modo de terceirizar as atividades-meio da Saúde, já que privatizá-la de vez seria por demais escandaloso. Criaram-se então as OS’s, braços privados operando no setor público, que, juntamente com sucessivos governos, são responsáveis diretos pelo caos em que se encontra a Saúde, particularmente no Rio de Janeiro.

    As OS’s, que já foram Oscip’s e outras nomenclaturas, não passam de entidades do Terceiro Setor, privadas, que assumem funções do Estado naquilo que este se mostra deliberadamente incompetente. Não passa de um conluio promíscuo entre o público e o privado, que caminha de mãos dadas com a prática de “sucatear pra depois privatizar”, antiga receita liberal para assumir serviços públicos essenciais à população, cobrar por eles e auferir lucro certo.

    É o que estão tentando fazer com a Educação, já sucateada e desvalorizada. A contratação de professores sem concurso em qualquer esquina, por exemplo, é apontada como uma das soluções pra crise fiscal do Estado, não por acaso pelos mesmos cínicos que fizeram coro em favor da terceirização da Saúde, mas que agora se calam preferindo criticar o baixo nível da Educação Pública sem enxergar suas verdadeiras causas.

    No mundo encantado do liberalismo funciona assim. Tudo reduzido a um sistema de fixação de preços, mesmo o saber e a vida, patrimônio de todos e de cada um. Do resto se encarrega o mercado, inclusive das consciências dos responsáveis por este estado de coisas, bastando terceirizá-las.

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