Morre Carlos Menem, o líder peronista de legado neoliberal
Morreu na manhã deste domingo, 14, aos 90 anos, em uma clínica de Buenos Aires, o ex-presidente argentino Carlos Saúl Menem, o político que governou o país por mais tempo sem interrupção (1989-1999).
O ex-chefe do Executivo argentino ocupava o cargo de senador por La Rioja desde 2005 e participou até o ano passado de reuniões virtuais da Casa. Em julho, uma pneumonia o levou a ser internado e desde então seu quadro de saúde vinha piorando.
O presidente Alberto Fernández decretou três dias de luto nacional. “Sempre eleito na democracia, foi governador de La Rioja, presidente da Nação e senador nacional. Durante a ditadura foi perseguido e preso. Todo o meu amor vai para Zulema, Zulemita e todos aqueles que o choram hoje”, escreveu Fernández no Twitter.
Em 1991, sua gestão introduziu a paridade do dólar com o peso argentino em um plano formulado com o seu então ministro da Economia Domingo Cavallo. Ele conseguiu frear a hiperinflação, mas quando deixou o governo o país enfrentou uma séria recessão, que culminou na grave crise de 2001, durante a presidência de Fernando de la Rúa.
Ultraliberal, a gestão Menem promoveu a desregulamentação da economia e a privatização das principais empresas públicas, com inúmeras denúncias de corrupção. O desfecho de sua década de governo, marcada pelo particular gosto por automóveis e relação com celebridades, tornou-o um alvo da esquerda peronista, em particular do kirchnerismo.
Em 2001, ficou preso por quase seis meses, acusado na investigação de venda ilegal de armas para a Croácia e Equador. Em 2018, o processo foi extinto. Em 2015, foi condenado a quatro anos e meio de prisão, sob acusação de pagamento de propina. No ano passado, foi absolvido em um julgamento por encobrir o atentado contra a Associação Mutual Israelita-Argentina, que deixou 85 mortes. Pouco depois, foi condenado a três anos em ação por suposta fraude na venda de um imóvel da Sociedade Rural, em Palermo. Nenhuma dos processos teve sentença definitiva e o mandato como senador lhe garantiu vantagens processuais. De acordo com o jornal La Nación, ele passou os últimos anos em um apartamento no bairro de Belgrano, ao lado de sua filha. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.