• Morre aos 99 anos o engenheiro e arquiteto Adolpho Lindenberg, ícone do mercado imobiliário

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  • 02/maio 21:19
    Por Fabio Grellet / Estadão

    O engenheiro e arquiteto Adolpho Lindenberg morreu nesta quinta-feira, 2, aos 99 anos. Considerado um ícone do mercado imobiliário paulistano, foi expoente das construções de casas e apartamentos residenciais de alto padrão marcadas pela inovação. A causa da morte não foi divulgada.

    O velório ocorre até as 9h30 desta sexta-feira, 3, na sede do Instituto, na Rua Maranhão, 341, em Higienópolis, no centro de São Paulo. O enterro vai ocorrer às 10h no Cemitério da Consolação (Rua da Consolação, 1.660), também no centro.

    O Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação ou Administração de Imóveis Residenciais ou Comerciais (Secovi-SP) e o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, do qual Lindenberg foi fundador e era presidente de honra, lamentaram o falecimento.

    Em nota, o Secovi-SP prestou homenagem a Lindenberg: “Considerado um ícone do mercado, teve sua trajetória composta por inovadoras realizações, empreendimentos marcantes, que devolveram o neoclássico à paisagem urbana. Um homem de valor, de princípios e grande humanista. Seu exemplo e seu legado permanecem em todos os que buscam fazer o seu melhor no mercado imobiliário”.

    “Adolpho foi um ícone na inovação arquitetônica dos produtos imobiliários residenciais”, afirmou o 2º vice-presidente do Secovi-SP, Claudio Bernardes. “Deixa um legado importantíssimo para o mercado e para a cidade”, concluiu.

    Também em nota, o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira lamentou a morte e ressaltou o parentesco de Lindenberg com Oliveira (“devotado primo e discípulo do insigne católico de quem nosso Instituto leva o nome”) e o fato de o engenheiro e arquiteto ter sido sócio fundador da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP).

    Formação e história

    Adolpho Lindenberg formou-se em Engenharia e Arquitetura pela Universidade Mackenzie, em São Paulo, em 1949. Inicialmente, abriu um pequeno escritório de engenharia em São Paulo, mas em 1954, enquanto São Paulo comemorava seu quarto centenário, fundou a Construtora Adolpho Lindenberg (CAL), com foco na construção de casas de alto padrão.

    As primeiras obras da empresa foram três casas construídas com o dinheiro da herança do pai no recém-projetado bairro do Ibirapuera, na zona sul de SP.

    Durante a década de 1950, construiu muitas casas em estilo colonial. Na década seguinte, Lindenberg construiu seu primeiro prédio e provocou uma mudança de conceitos: como não havia mais espaço para mansões nos bairros mais desejados de São Paulo, passou a oferecer apartamentos com o mesmo tamanho e luxo dos imóveis a que sua clientela estava habituada. Ele convenceu a elite paulistana a morar em apartamentos – ou “casas sobrepostas”, como chamou -, alertando que essa mudança era necessária para garantir maior segurança aos moradores.

    Nesse período, a construtora adotou o estilo neoclássico ou mediterrâneo, tendo grande aceitação no mercado imobiliário, a ponto de 60% dos edifícios de luxo dessa época seguirem esse padrão arquitetônico. Seu estilo neoclássico chegou a ser conhecido como “estilo Lindenberg”, o que demonstra sua influência à época.

    Nos anos 1970, a construtora lançou o primeiro flat do Brasil e o primeiro edifício com piscinas privativas nos terraços, ambos nos Jardins (zona oeste de São Paulo). No mesmo período, fez a primeira incorporação de Brasília e começou a construir também prédios comerciais, para hotéis (como o Casa Grande, no Guarujá) e indústrias (Texaco, Avon, Petrobras e Philip Morris).

    Durante a década de 1980, diante da inflação descontrolada que corroía a economia brasileira, a construtora adotou o Sistema de Preço de Custo, em que as parcelas eram reajustadas conforme o aumento dos preços e do dólar. A empresa começou a se dedicar a bairros como Morumbi, Panamby e a região da Marginal do Pinheiros, que passou a ser o novo eixo comercial paulistano, depois das avenidas Paulista e Brigadeiro Faria Lima.

    Um ícone foi o lançamento do Edifício Wilson Mendes Caldeira, um dos primeiros prédios da Marginal do Pinheiros. Outros destaques da época foram dois projetos no estilo mediterrâneo, com piscinas nos terraços de cada andar, girando sobre o próprio eixo em “leque”.

    Nos anos 1990, para se adequar ao mercado, a construtora mudou seu sistema de customização dos apartamentos.

    No início dos anos 2000, a construtora se associou ao Grupo LDI, holding com empresas de incorporação e construção (CAL), comercialização e gestão de vendas dos seus imóveis (LindenHouse), urbanismo (LPU) e desenvolvimento e administração de shopping centers (REP). A parceria se manteve até 2019.

    Para comemorar seus 50 anos, a Lindenberg lançou cinco prédios de alto padrão em áreas nobres da capital, sendo um deles o maior apartamento de São Paulo, com 1.223 metros quadrados de área privativa.

    Nos anos 2010, Adolpho Lindenberg foi premiado por sua atuação e contribuição para o mercado imobiliário, e o empreendimento Lindenberg Timboril foi premiado como case de sucesso de vendas no mercado de alto padrão do interior paulista.

    Simultaneamente à atuação como engenheiro, Lindenberg sempre esteve muito ligado à Igreja Católica. Ajudou a fundar a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP). Em dezembro de 2006, também criou o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, do qual foi presidente e atualmente era presidente de honra.

    Em 1999, Lindenberg publicou a obra “Os Católicos e a Economia de Mercado – Oposição ou Colaboração? Considerações do bom senso”.

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