• Morre aos 93 anos o apresentador Silvio Santos

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  • 17/ago 10:37
    Por Redação/ Tribuna de Petrópolis

    *Com informações de Estadão

    Morreu, neste sábado (17), aos 93 anos, o apresentador Silvio Santos. A informação foi confirmada pelo SBT, através das redes sociais. O empresário estava internado desde o início do mês no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

    Silvio já havia sido internado no dia 18 de julho para se recuperar de H1N1 e teve alta dois dias depois. No dia 1º de agosto voltou a ser hospitalizado para passar por exames de imagem. Ele também estava afastado da televisão desde setembro de 2022.

    Confira na íntegra a nota completa do SBT:

    “Hoje o céu está alegre com a chegada no nosso amado Silvio Santos. Ele viveu 93 anos para levar felicidade e amor a todos os brasileiros. A família é muito grata ao Brasil pelos mais de 65 anos de convivência com muita alegria. Para nós, o Senor Abravanel é ainda mais especial e somos muito felizes pelo presente que Deus nos deu e por todos os momentos maravilhosos que tivemos juntos. Aquele sorriso largo e voz tão familiar será para sempre lembrada com muita gratidão. Descansa em paz, que você sempre será eterno em nossos corações.”

    Trajetória

    Nascido no Rio de Janeiro com o nome de Senor Abravanel, ele se tornou um dos maiores nomes da televisão brasileira e se consolidou como empresário e dono de um conglomerado que incluem, além da rede de emissoras do SBT, uma empresa de capitalização, uma rede de hotéis e uma marca de cosméticos.

    Presente nos domingos dos brasileiro, Silvio tinha como marca registrada os famosos aviõezinhos de dinheiro para a plateia e fez parte do cotidiano dos brasileiros em diversos programas de auditório, como nos infindáveis quadros do Programa Silvio Santos, as perguntas e respostas do Show do Milhão, a junção de casais no Em Nome do Amor, a ‘vida real’ dos famosos do reality A Casa dos Artistas, a realização de sonhos na Porta da Esperança ou a ajuda financeira no Topa Tudo Por Dinheiro e no Roda a Roda, entre tantos outros.

    É raro encontrar quem jamais tenha ouvido algum de seus bordões, como “Má ôe!”, “Quem quer dinheiro?”, “É namoro ou amizade?”, “Você está certo disso?”, ou a letra de músicas como Ritmo de Festa ou Silvio Santos Vem Aí! (Olê, olê, olá!).

    No fim dos anos 1980, chegou a anunciar planos para se afastar da TV, elegendo Gugu Liberato como substituto. A ideia, porém, não foi à frente, e manteve-se em atividade por mais algumas décadas. Na mesma época, também explicitou pretensões políticas, com planos por um cargo executivo nas eleições.

    A tentativa mais famosa e que mais se aproximou de ocorrer foi na disputa presidencial de 1989, quando chegou a fazer uma breve e atabalhoada campanha pelo Partido Municipalista Brasileiro, no lugar de Armando Corrêa, cujo nome já estava impresso nas cédulas. Silvio liderou pesquisas de intenção de voto contra Collor e Lula. O TSE, porém, indeferiu a candidatura antes do pleito.

    Silvio Santos foi casado com Maria Aparecida Vieira Abravanel, a Cidinha, que morreu de câncer quando ainda era jovem. Posteriormente, teve um segundo casamento com Íris Abravanel. Dos relacionamentos, vieram suas seis filhas: Cintia, Silvia, Daniela, Patrícia, Rebeca e Renata. À exceção de Daniela, que usa o sobrenome Beyruti, todas são conhecidas pelo sobrenome do pai, Abravanel.

    Alguns dos principais problemas de saúde começaram a surgir quando já tinha mais de 60 anos de idade, como no joelho, coração e próstata. Na década de 1980, foi aos Estados Unidos para uma cirurgia e tratamento na garganta, e posteriormente precisou se curar de um tumor na região da pálpebra de seu olho. Ao longo da vida, também apresentou uma conhecida alergia a perfumes.

    Início como camelô

    O apresentador puxou o lado vendedor de seu pai que, ainda jovem, fugiu da região de Salônica para não servir ao exército, se tornando jornaleiro em Atenas. Na sequência, foi para Marselha, na França, vender pistache e amendoim na rua, o que era proibido. Preso e expulso do país, foi de navio para o Rio de Janeiro, onde trabalhou no porto como intérprete e guia de turistas para juntar dinheiro e abrir uma loja.

    Em 1945, ainda adolescente, Silvio despertou para o caminho dos negócios quando se deparou com um homem vendendo capas de plástico para títulos de eleitor na Avenida Rio Branco. Seguiu-o para saber onde ficava seu fornecedor, entrou na loja e comprou uma delas por dois cruzeiros. Levou-a para a rua e ofereceu a quem passava, afirmando ser a última. Com o dinheiro da primeira venda, comprou mais duas e revendeu-as, novamente com o discurso de que era a última – ainda que houvesse outra – e assim por diante.

    Na sequência, foi diversificando os negócios. Aprendeu a fazer alguns truques com moedas e baralhos para chamar a atenção, e passou a vender dezenas de canetas diariamente. À época, contava com a ajuda de amigos, tanto para fazer o papel de ‘comprador’ interessado, quanto para avisá-lo da chegada da fiscalização.

    Foi numa das vezes em que foi pego pelo ‘rapa’ que Silvio encontrou sua primeira oportunidade com a comunicação. Na ocasião, o diretor de fiscalização da prefeitura à época pretendia puni-lo. “Quando ele viu que eu tinha pouca idade, falava regularmente e era estudante, modificou seu pensamento a meu respeito. Em vez de me levar para o juizado de menores, me deu um cartão para que eu fosse procurar um amigo dele na rádio Guanabara, Jorge de Matos”, relatou o apresentador na biografia A Fantástica História de Silvio Santos, escrita por seu assessor, Arlindo Silva.

    Ao chegar à emissora, descobriu um concurso de locutores e decidiu se inscrever. Foi o campeão e ganhou uma vaga com salário de 1,3 mil cruzeiros mensais, muito menor que os mais de 900 cruzeiros diários que conquistava como camelô. Um mês após a contratação, se demitiu e voltou a vender suas mercadorias pelas ruas.

    Surge Silvio Santos

    Inspirado em grandes nomes da rádio na época, como César de Alencar, Heber de Boscoli, Osvaldo Luiz e Manoel Barcelos, tinha o costume de frequentar os auditórios durante as gravações, e foi justamente numa dessas ocasiões que surgiu o nome Silvio Santos.

    “Minha mãe costumava chamar-me de Silvio, em vez de Senor. Um dia, quando fui entrar no programa de calouros do Jorge Cury, o Mario Ramos, produtor, perguntou o meu nome. ‘Silvio’, respondi. ‘Silvio de quê?’. Eu disse: ‘Silvio Santos – porque os santos ajudam’. Foi um estalo que me deu, uma coisa do momento, que pegou. Também foi uma maneira de disfarçar, porque meu nome, Senor Abravanel, já estava muito ‘manjado’ nos programas de calouros, pois eu sempre ganhava alguma coisa”, explicava.

    Exército, rádio e novos desafios

    Silvio Santos ainda trabalhou nas noites da rádio Continental, em Niterói, antes de pedir demissão e mudar de área. Ao Estadão, em 1983, relatava que a ideia surgiu quando pegava a última barca do dia para voltar para casa, já depois da meia-noite: “Era muito monótona. Só viajavam três ou quatro homens e o resto era tudo prostituta, fugindo para Niterói porque eram reprimidas pela polícia do Rio. Aí eu pensei: por que não botar música? Pelo menos fica um ambiente mais alegre”.

    O apresentador firmou um acordo com uma loja de eletrodomésticos com a intenção de criar um serviço de anúncios em alto-falante nas barcas da Cantareira. Em troca do aparelho, faria propaganda gratuita à casa ao longo de um ano. Silvio investiu em um bar para venda de bebidas e cartelas de bingo para os usuários da barca. Nessa época, considerava que havia deixado a vida de camelô definitivamente para trás.

    Pouco depois, voltou à rádio, desta vez na Nacional. Contatou Costa Lima e fez um teste para locutor, assinando contrato no valor de 5 mil cruzeiros ao mês em 1954, mesma época em que teve o primeiro contato com Manoel de Nóbrega, de quem se tornaria amigo. Com dívidas, continuava a trabalhar no bar, sem conseguir a quantia que precisava. Foi então que teve a ideia de criar uma publicação, a revistinha Brincadeiras para Você, que trazia passatempos como palavras cruzadas, charadas e piadas. Silvio passou a vender exemplares para lojas, que as distribuíam de graça aos clientes.

    O locutor passou a trabalhar também em circos, fazendo a apresentação de artistas. Quando ocorriam atrasos, buscava entreter a plateia, tendo suas primeiras experiências como animador de auditório, o que faria muitas vezes dali em diante. O apresentador, porém, ficava envergonhado em algumas ocasiões, e seu rosto avermelhado acabou lhe rendendo o apelido de ‘Peru que fala’. Aproveitando este lado de Silvio, Nóbrega chamou-o para fazer parte de seu programa na rádio Nacional.

    O baú da felicidade

    Foi oferecido a Nóbrega que investisse em anúncios da rádio, atribuindo sua credibilidade ao Baú, enquanto o alemão cuidaria do resto. O homem, porém, teria aplicado um golpe em Manoel e sumido com o dinheiro, fazendo com que muitas das cestas tivessem de ter o valor devolvido. Foi aí que o radialista pediu a Silvio que ficasse na empresa ajudando a ressarcir os clientes e pedir que não fossem à imprensa reclamar.

    Silvio demorou, mas acabou cedendo aos pedidos do amigo. À época, o Baú da Felicidade ficava em um porão na rua Líbero Badaró, no centro de São Paulo. Ele expulsou o ex-sócio de Nóbrega do local, que tinha apenas uma mesa, algumas caixas, gavetas e máquinas de autenticar cheques, além de uma funcionária.

    Depois de alguns dias, chegou à conclusão de que a iniciativa poderia render lucro, e passou a fazer algumas mudanças e investimentos. O negócio foi tomando uma proporção maior e mais variada, com louças e outros objetos domésticos além dos brinquedos. Nóbrega, com medo de um prejuízo ainda maior, decidiu sair do negócio, passando a empresa totalmente ao comando de Silvio Santos, o que foi visto como um grande ato de generosidade e fortaleceu os laços entre a dupla.

    Início na televisão

    Com a boa repercussão, decidiu se arriscar e alugar um horário aos domingos, com o Programa Silvio Santos, que inicialmente tinha apenas duas horas de duração, começando ao meio-dia. À época, a emissora costumava ficar praticamente fechada aos domingos, contando, no máximo, com uma transmissão de futebol. Com shows, brincadeiras e prêmios baseados no Baú da Felicidade, a atração fez sua estreia em 1962 com quadros como o Cuidado com a Buzina, Só Compra Quem Tem, Pergunte e Dance e Rainha Por Um Dia. Na sequência, foi abrindo outras empresas e ganhando mais notoriedade perante o público. Em 1964, recebeu o seu primeiro Troféu Imprensa, como Melhor Animador.

    Em 1965, o apresentador também investiu em um programa na TV Tupi, nas noites de quarta-feira, Festa dos Sinos. Posteriormente, seria mudado para Sua Majestade, o Ibope, Cidade contra Cidade e Silvio Santos Diferente, que migrou para a Record em 1976.

    A saga pelo canal próprio

    Cerca de seis meses depois, os mesmos 50%, que haviam sido adquiridos pelo grupo Gerdau, foram colocados à venda novamente. Apesar do interesse, Santos não poderia comprá-los enquanto estivesse vinculado à Globo, e contou com a ajuda de um amigo, Joaquim Cintra Gordinho, para participar do negócio. Sua participação na Record seria vendida somente em 1989, quando a emissora foi comprada por Edir Macedo.

    Surge a TVS

    Uma das testemunhas da assinatura foi Manoel de Nóbrega, seu amigo de longa data, que viajou para a ocasião mesmo já bastante doente, praticamente em estado terminal. Ele morreria meses depois, em 17 de março de 1976. “É a primeira vez na história do Brasil que um canal de televisão é entregue a um punhado de artistas”, discursou Nóbrega na ocasião. A TVS entrou no ar oficialmente pela primeira vez em 14 de maio de 1976, através da transmissão da torre da antiga Continental.

    Na programação inicial da emissora, constavam alguns conteúdos comprados dos Estados Unidos, além de sessões de filmes que chegavam a ser exibidos três vezes seguidas, e seriados como Hazel, a Empregada Maluca e Joe Forrester. O Programa Silvio Santos era exibido aos domingos, e também ia ao ar simultaneamente pela Tupi durante algum tempo.

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