Moradores de rua usam lixeira como abrigo em Pedro do Rio
Um grupo de pessoas em situação de rua que está instalado em Pedro do Rio vem chamando a atenção e sensibilizando moradores do distrito. Nos dias de chuva, por falta de um abrigo adequado, o grupo está dormindo em uma lixeira. Na contramão do aumento da população em situação de rua, o Centro de Defesa dos Direitos Humanos (CDDH), ong que é uma das referências para essas pessoas em Petrópolis, está com os serviços paralisados.
São aproximadamente oito pessoas vivendo pelas ruas do distrito há aproximadamente três anos. No grupo, há apenas uma mulher. Entre os moradores que ficaram sensibilizados com a situação está o comerciante Luis Henrique Pércia. Na última semana, em um dia de muita chuva, ele viu os moradores se abrigando na 'casinha' onde é depositado o lixo, na Rua Eugênio Zanatta. “É muito triste ver pessoas dormindo junto com o lixo e os ratos. Sei que já vieram algumas pessoas da Assistência Social aqui mas eles não podem ficar esquecidos”, falou. Normalmente, essas pessoas dormem na área externa da lixeira.
Com o aumento do número de pessoas em situação de rua na cidade nos últimos anos, Petrópolis perde com a paralisação do projeto Pão e Beleza, do CDDH, que prestava atendimentos a esta população. É que o centro, localizado na Rua Monsenhor Bacelar, é uma referência desde 2004 para essas pessoas. “Muitos ainda deixam guardado conosco seus documentos pessoais e ainda vêm em busca de atendimento, à procura de um banho, um almoço”, contou a coordenadora executiva do CDDH, Carla de Carvalho. O projeto propiciava vários serviços sociais. Ao longo dos anos, muitos assistidos conquistaram trabalho, retomada dos vínculos familiares e sociais e, principalmente, deixar a rua, com o apoio do CDDH.
A paralisação das atividades ocorreu em julho deste ano, devido à falta de patrocínio do projeto, contou Carla. “Infelizmente, sem recursos, estamos sem qualquer atendimento desde essa data. Muitas pessoas em situação de rua mantêm com o CDDH um forte vínculo porque faziam parte do projeto e pensavam as atividades e todo o formato em conjunto com a equipe. Nossa atuação sempre foi muito respeitosa e isso sempre gerou muito respeito e muita afinidade. Infelizmente a situação social vem se agravando. O número de atendimentos no Centro Pop subiu muito, mas ainda é necessária a ampliação do número de vagas em abrigos. Na verdade, existe uma importante rede que é animada pelo Gabinete da Cidadania, coordenado por Anna Maria Rattes e que tem muitos importantes atores do poder público, da sociedade civil e grupos de apoio religiosos”, contou a coordenadora do centro. Segundo Carla, o CDDH contribui na rede, na perspectiva de pensar as ações, mas não está mais no atendimento. “Infelizmente, por isso, não temos como opinar no caso dos ocupantes que estão em Pedro do Rio, por não conhecermos a situação”, finalizou.
Mais de 1 mil atendimentos durante o inverno
Em relação ao caso denunciado, a prefeitura informou uma equipe de Assistência Social esteve nessa terça-feira (6) em Pedro do Rio, mas não localizou nenhuma pessoa em situação de rua no local.
As abordagens às pessoas em situação de rua são frequentes na cidade. Equipes da Secretaria de Assistência Social, com apoio da Guarda Civil, atuam tanto durante o dia quanto à noite, e oferecem constantemente acolhimento e encaminhamento para atendimento no Centro de Referência Especializada para População em Situação de Rua (Centro Pop), onde as mesmas recebem atendimento psicossocial, banho, café da manhã, encaminhamento para o almoço no Restaurante Popular, além da possibilidade de participação em atividades, palestras e oficinas com o objetivo de reintegração social e recolocação no mercado de trabalho. A equipe oferece ainda a possibilidade de pernoite no Núcleo de Integração Social (NIS), no Alto da Serra.
Durante a Operação Inverno, realizada pela Secretaria de Assistência Social em parceria com a Secretaria de Defesa Civil e Ações Voluntárias, entre junho e setembro deste ano, foram realizados 1.178 encaminhamentos de pessoas em situação de rua para acolhimento. O trabalho conjunto das secretarias permitiu a instalação de três barracas, possibilitando o pernoite de mais pessoas no Núcleo de Inclusão Social (NIS). A Assistência Social presta ainda auxílio, em média, a 25 pessoas por mês com embarques para suas cidades de origem.