Moradores afirmam que problemas estruturais no Vicenzo Rivetti se acumulam desde o ano passado
Depois do susto nesta segunda-feira (9) com o rompimento da tubulação hidráulica no bloco 3 do Condomínio 1 do Vicenzo Rivetti, no Carangola, nesta terça-feira foi dia de vistoria e limpeza nos pavimentos e apartamentos atingidos pela água barrenta. Ainda assustados com o que aconteceu, moradores lembram que os problemas estruturais nas unidades começaram já no ato da mudança, no ano passado, e que esse rompimento da tubulação hidráulica foi uma “tragédia anunciada”.
Na segunda-feira pela manhã, os próprios moradores conseguiram sanar o vazamento da água. Quebraram paredes, se uniram com rodos e vassouras e escoaram a água barrenta contaminada pelo esgoto que invadiu pelo menos oito apartamentos de dois pavimentos no térreo. Na manhã de hoje (10), uma equipe da Comdep esteve no local e fez a limpeza dos corredores. O fornecimento da água e da energia elétrica já haviam sido reestabelecidos.
De acordo com o engenheiro da Secretaria de Obras do município, não houve dano estrutural nas unidades. E todos os moradores podem continuar nos apartamentos. Equipes da Assistência Social e Defesa Civil prestaram atendimento aos moradores.
A Tribuna esteve no condomínio na tarde desta terça-feira, e os moradores ainda estão assustados com o que aconteceu na segunda-feira, embora não tenha havido perda de bens materiais. Alguns, ouvidos pela reportagem, contaram vários casos de problemas que vem acontecendo com o acabamento das unidades: rede elétrica que dá curto, ralo que não dá vazão à água e infiltra no andar de baixo e até um vidro trincado, que segundo, moradora, foi relatado no ato da mudança e até hoje não foi trocado.
A síndica do condomínio 1, Maria Sílvia, disse que antes de estourar a tubulação já havia sinais nas paredes de que havia infiltração. No bloco 4, que também teve vazamento de água, uma das paredes está com o embolso fraco por causa da umidade. E neste bloco em outra ocasião, ocorreu um vazamento de esgoto em um dos pavimentos. “Alguns pequenos consertos acabam sendo feitos pelos próprios moradores pela falta da empresa para fazer a manutenção. Mas, hoje, o que nós precisamos é que a Caixa assuma emergencialmente essa obra de reparo da estrutura”, disse.
Cláudia Renata Ramos, do Movimento Aluguel Social e Moradia de Petrópolis, disse que estão desde janeiro alertando à Caixa sobre as infiltrações nos pavimentos. “Todos os subsolos estão com o mesmo problema, já fomos recebidos pela Caixa, mas ainda não deram uma solução”, disse.
Famílias que viveram a tragédia de 2011 temem pelas novas residências
Marília Raiane dos Santos Sampaio está grávida do quarto filho, e mora em um apartamento com esposo e três filhas. Sua unidade também foi atingida pela água e, por sorte, não perdeu nenhum de seus pertences. Marília afirma que assim como ela, muito moradores estão cansados de tentar recorrer à Caixa para pedir reparos. Muito do que é feito dentro do condomínio é por conta dos próprios moradores. Na sua unidade, além do vidro da sala trincado, quando se mudou à cerca de 8 meses, contratou um eletricista para revisar a rede elétrica da unidade que estava com mau contato.
“Nós pagamos o condomínio em dia e não vemos melhorias. Falta porteiro, falta zelador, falta câmeras e segurança interna. Furaram os pneus do carro do meu esposo mais de uma vez e não conseguimos descobrir quem foi, se tivessem as câmeras ajudaria a identificar”, disse.
Valnice Martins da Silva, que teve seu apartamento alagado pelo vazamento, disse que foi dormir na casa de familiares nesta noite e teve que faltar o trabalho para poder limpar o apartamento onde mora com a filha e dois netos pequenos. “Na hora do vazamento só estavam em casa minha filha e meus netos, imagina o desespero que fiquei quando ela me ligou pra dizer”, disse. O sentimento de medo é compartilhado por todos os moradores que já trazem na memória o pesadelo da madrugada do dia 12 de janeiro de 2011, no Vale do Cuiabá.
A Caixa Econômica informou à Tribuna que a empresa responsável pela obra, AB Empreendimentos LTDA, deixou de atender às demandas realizadas pelos beneficiários através do Programa De Olho na Qualidade, motivo pelo qual ela e seus sócios estão impedidos de operar em novas operações com o Banco.
Diante disso, houve rescisão contratual e a Caixa iniciou processo licitatório, que está em andamento, para contratação de nova empresa, à luz das regras do Programa, para efetuar os reparos necessários.
Já em relação à reclamação dos moradores, a Caixa informou que enviou profissional de engenharia ao local na data de ontem (09/08), que não identificou riscos estruturais. Informaram ainda que hoje (10/08) nova equipe técnica foi encaminhada ao residencial para avaliar as condições e providências necessárias para resolução do problema.
A Caixa reforçou que disponibiliza o canal De Olho na Qualidade para atendimento das reclamações sobre possíveis vícios construtivos nos imóveis do Programa Minha Casa, Minha Vida, por meio do telefone gratuito 0800-721-6268 ou através do site da Caixa (www.caixa.gov.br) na opção Fale Conosco, no qual a construtora é acionada para promover os reparos de sua responsabilidade.