Montenegro lista erros e diz que ‘ninguém quer aceitar o presente’ do Botafogo
Uma das figuras mais influentes da política do Botafogo, Carlos Augusto Montenegro se manifestou nesta segunda-feira sobre o rebaixamento do clube à Série B. O ex-presidente e ex-membro do comitê executivo de futebol listou uma série de erros, criticou jogadores, como Gatito Fernández, Kalou e Honda, e alertou que a grandeza do clube ficou no passado.
As opiniões de Montenegro foram enviadas a sócios em um e-mail. Ele deixou o seu cargo no clube no fim de outubro, tendo sido o principal responsável pela montagem do elenco. E em seu texto, apontou que o primeiro erro foi a montagem do comitê para gerir o futebol do clube, pois seus membros tinham opiniões conflitantes. “Ninguém queria entrar e entraram todos e foi formado o comitê. Erro pois são várias pessoas pensando, com opiniões diferentes e sem dinheiro nenhum”, escreveu.
Rememorando outros momentos da temporada, apontou a contratação do técnico Paulo Autuori como um erro, avaliando que a presença dele levou o Botafogo a ser prejudicado por árbitros. “Apesar de bom treinador, o discurso era que queria ir embora. Sempre. E posições políticas fortes contra o sistema político do futebol. Fomos prejudicados na CBF. Hoje ninguém se lembra, mas os árbitros foram esquisitos em vários jogos importantes”, disse.
Montenegro também citou como um erro a escolha e demissão do técnico Bruno Lazaroni, assim como a montagem de um elenco inexperiente. “Hoje verifico que faltaram homens de 25 a 35 (anos). Que assumem responsabilidades. Não temos isso. A venda do Luís Henrique era impossível impedir, pois ele não era nosso. Erramos, sim, no empréstimo do Luís Fernando. Apesar de estar jogando mal há algum tempo, teria nos ajudado. Com a saída do Autuori, resolvemos pelo Lazaroni. Dois erros: primeiro ele estava com um tumor/câncer no estômago. Segundo, não deveríamos ter tirado ele após o jogo contra o Cuiabá”, afirmou.
O ex-presidente do Botafogo também acusou o goleiro Gatito Fernández de se recusar a atuar pelo Botafogo. “Goleiros. Pensávamos que estávamos bem. Não contávamos com a covardia do Gatito de não querer jogar”, escreveu, também apontando que o clube evitou apostar em veteranos, optando por investir em estrangeiros, como Honda e Kalou, escolha que agora enxerga como equivocada.
“Tentamos não ir em Rafael Moura 200, Tiago Galhardo 300, Thiago Neves 300, Vini do Ceará 200, pois não tínhamos dinheiro e vendo hoje talvez devêssemos ter arriscado. Sobre os estrangeiros. A ideia era motivar o sócio-torcedor. E ter experiência com os garotos. Deu tudo errado. Honda só viu a torcida no aeroporto. Burocrata. Foi embora sem ninguém no aeroporto. Kalou aposta totalmente errada”, escreveu.
Classificando o Botafogo como um clube ingovernável, Montenegro também alertou que a grandeza do clube ficou no passado. “O passado é tão bonito que ninguém quer aceitar o presente. Quando falo do presente, falo dos últimos 40 anos do Porcher (Antonio Carlos Porcher, ex-conselheiro do Botafogo). 95 foi um espasmo. Graças a Deus, pois se não tivéssemos uma geração Túlio estaríamos ainda menores”, concluiu o presidente do Botafogo na conquista do título do Campeonato Brasileiro de 1995.