Mistérios da vida
Tudo é vaidade. Que proveito tem o homem de todo o seu trabalho com que se afadiga debaixo do sol? (Eclesiastes 1.2,3)
O livro de Eclesiastes levanta perguntas profundas e complicadas que não têm respostas simples. Perguntas acerca do mundo e da vida. Eclesiastes é uma reflexão de um sábio e radical pensador na jornada da vida.
Eclesiastes faz uma análise crítica e realista de seu mundo com questionamentos sobre os aspectos negativos e positivos da experiência humana com absoluta sinceridade: qual é o sentido da vida? Que proveito o ser humano tem de todo o seu trabalho, seu conhecimento, seus bens, suas alegrias? Que deve fazer o ser humano para viver de maneira plenamente satisfatória e com sentido? E o autor de Eclesiastes chega a uma conclusão: a busca pelo sentido da vida só resulta em tédio, monotonia, aborrecimento e frustração. Tudo é ilusão. Tudo é passageiro. Vaidade cotidiana e cósmica. Onde está Deus em tudo isso?
Eclesiastes não responde a todas as perguntas. Mas aponta para o Deus Eterno, o Senhor do mundo, do tempo e da história em quem podemos confiar e em quem podemos ter esperança. O enigma de uma existência com sentido está escondido no relacionamento com Deus. Tudo que parece absurdo e obscuro tem que ser visto a partir do soberano projeto divino. Sem tentar compreender os mistérios de Deus, mas simplesmente crendo e entendendo a vontade de Deus a partir do fato de que “tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem.” (Eclesiastes 3.11).
Agostinho, filósofo e teólogo dos primórdios do cristianismo (ano 354 a 430), disse que há um vazio no coração humano, um buraco existencial que somente é preenchido quando conhecemos nosso Criador.
Mas como é possível se aproximar do soberano Criador? Como é possível saborear momentos de alegria e graça divina em meio a tanta coisa absurda no mundo? Um bom começo é receber as simples dádivas de Deus no dia a dia de nossa vida. Aproveitar e degustar cada momento. Com gratidão. Andando mais devagar. Confiando na soberania do Deus que nos criou e nos acompanha com amor. Assumindo a postura de criatura nas mãos do Criador, encostando-se no ombro do Pai de amor.
Mas como é possível fazer isto num mundo marcado por avanços tecnológicos, redes sociais, excesso de informação? Em meio às barbáries das guerras, fluxos migratórios, ódio, corrupção, fanatismo religioso? Como viver com tranquilidade e desfrutar das coisas simples da vida? Como sonhar e construir um mundo melhor?
Eclesiastes não promete milagres. Mergulha nos dilemas da vida. Sabe viver com ambiguidades, paradoxos e questionamentos. Contudo, confia no Deus dos mistérios insondáveis, que nunca são revelados totalmente a nós, com bem nos lembra Provérbios 20.24: “os passos do homem são dirigidos pelo Senhor; como, pois, poderá o homem entender o seu caminho”?
Crer em Deus é sentir Deus sempre presente. Num mundo que aparenta não ter mais direção, só ilusão, podemos, sim, ter uma vida produtiva e solidária com sentido. É preciso saber trabalhar dia após dia com dignidade e alegria. É saber desfrutar da partilha e da comunhão com os irmãos. É praticar a compaixão. É ter noção de responsabilidade e harmonia. É encontrar valores que não são materiais e qualidades interiores no ser humano. É, sobretudo, confiar em Deus em meio às crises da vida, num mundo confuso.
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Cultos todos os domingos às 09:00h. Tel. 24.2242-1703