Missão cristalizada

Menino, sonhos de vida puros, respondi a uma enquete da revista “O Herói”: “O que gostaria de ser quando crescer?”. Respondi: escritor. A revista, da Editora Brasil-América de Adolfo Aizen, publicava histórias em quadrinhos. Eu amava e amo histórias em quadrinhos porque admiro as artes todas e, em especial, o desenho e, até, sou intrometido na especialidade.

Sonho cristalizado no desejo e apurado no decorrer da vida adulta, tornei-me escritor, nas pegadas de meu pai poeta e jornalista Joaquim Heleodoro. Rabisquei meus quadrinhos na solidão do sótão, meu quartel-general da infância e da adolescência.

Terminada a fase dos cursos ginasial e científico, onde apanhei muito das ciências exatas, já que estava envolvido nas ciências das quimeras, desejoso de continuar os estudos nos bancos do ensino superior, ingressei na nascente Faculdade de Direito, a pioneira da exuberante e respeitada Universidade Católica de Petrópolis de hoje, honrado pela participação na primeira turma, envolvido na novidade de organizar o Diretório Acadêmico, com meus colegas e frequentar as aulas todas as manhãs e trabalhar no Banco do Estado todas as tardes e subir nos palcos de teatro no derivativo lúdico para amenizar os compromissos de tempos e horas marcados. Ah! E compor poemas e escrever artigos e textos teatrais nas horas vivas de algumas madrugadas.

Conheci Shirley. Casamos. 3 meninas e 1 menino. A diuturna vida de correria e muita disposição que só a mocidade consegue domar.

Faltava, porém, algo em nossa vida. Na minha vida em particular. Sonho antigo ditado pelo desejo de ensinar, tornar a vida mais útil, exercitar uma vocação que estava latente. Conversamos, ela e eu e concluímos que eu deveria seguir este destino. Fi-lo ao cursar História na UCP e, imediatamente peregrinar por salas de aula em educandários do ensino médio e na Universidade orgulho de Petrópolis.

Professor! E assim minha trajetória de vida se definia e estava eu aprendendo mais e mais com meus alunos e colegas do magistério. Meu galardão e vida, sob meu santo orgulho, se completava admiravelmente.

Hoje, na aposentadoria, jamais tendo abdicado da atividade intelectual de escritor e professor, compreendo que a missão digna de ensinar, contribuiu na formação de outros mestres, outros profissionais, todos e todos reconhecidos amigos perpetuamente, porque a certeza que tenho é a do dever cumprido que, dizem: bem cumprido.

Ser professor, um ator privilegiado da vida, é a mais sublime das vitórias da existência profissional de um cidadão, pelo inestimável benefício direto da transmissão de conhecimentos pelos caminhos floridos das veredas do saber, na mais perfeita condução da criatura humana ao futuro.

Parabéns a todos os meus colegas professores, no nosso dia! Meu orgulho é imenso pela companhia – ontem, hoje e sempre!