Minério e alívio no IPCA-15 impulsionam Ibovespa apesar de cautela externa com tarifas
A alta do minério de ferro e a desaceleração da inflação brasileira em março medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15) sobrepõem ao recuo das bolsas em Nova York sobre o Ibovespa. O principal indicador da B3 sobe para a faixa dos 133 mil pontos na manhã desta quinta-feira, 27, depois de ter fechado com alta de 0,34%, aos 132.519,63 pontos, na véspera. Nos EUA, os indicadores acionários caem levemente.
Na avaliação de Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos, os índices operam lateralizados, enquanto os investidores digerem os dados informados hoje e as questões das tarifas americanas. “O investidor estrangeiro é que está fazendo preço aqui. Tem fluxo vindo para emergente”, afirma.
Os investidores avaliam ainda o Relatório de Política Monetária (RPM) divulgado nesta manhã. O setor automotivo mundial fica no foco após o governo dos Estados Unidos colocar tarifas de 25% sobre importações de todos os automóveis não fabricados no país. Ao mesmo tempo, ficam no radar dados de atividade dos EUA informados hoje, como o PIB do quarto trimestre, que cresceu 2,4% anualizado, conforme o esperado.
Em meio a incertezas tarifárias dos EUA, o RPM, que substitui o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), destacou que essas dúvidas podem ter efeitos desinflacionários. Segundo o documento do Banco Central, uma perda de dinamismo do comércio internacional pode levar à desaceleração americana e global. Desta forma, reduziria preços de commodities e precificações sobre juro dos EUA.
Quanto ao IPCA-15, a taxa de inflação arrefeceu a 0,64% em março ante 1,23% em fevereiro. O dado ficou abaixo da mediana de 0,68% encontrada na pesquisa feita pelo Projeções Broadcast. Assim, os juros futuros recuam e isso beneficia algumas ações mais sensíveis ao ciclo econômico na B3. Magazine Luiza ON, por exemplo, tinha alta de 5,24%, liderando o grupo das elevações.
Contudo, em 12 meses, acumula alta de 5,26%, superando o teto da meta que é 4,5%, o que tende a reforçar um quadro ainda alto de Selic este ano ainda que seja esperado arrefecimento da atividade.
Segundo Lourenço, da Manchester Investimentos, apesar do arrefecimento e do resultado um pouco mais baixo do que o esperado do IPCA-15 de março, ainda está alto. “A foto é boa, mas o filme não é definitivo. Não tem algo estrutural que leve a uma deflação. Não deve ter melhora significativa desse quadro”, diz.
Apesar da surpresa favorável do resultado do IPCA-15, o cenário de inflação de curto prazo segue adverso, adverte o economista-chefe da Monte Bravo, Luciano Costa. “A aceleração de serviços segue como fonte de preocupação e a variação anual dos núcleos de inflação segue acelerando”, afirma em nota.
Entre as commodities, não há uma direção única. O petróleo cede marginalmente e o minério de ferro subiu 1,28% em Dalian hoje. Vale tinha alta de 0,64% e Petrobras, entre 0,96% (PN) e 0,75% (ON)
Às 11h24, o Ibovespa tinha alta de 0,46%, aos 133.123,21 pontos, após subir 0,47%, na máxima aos 133.140,52 pontos, e mínima aos 132.478,98 pontos (-0,03%).