• ‘Minari’, um sonho americano

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • 24/04/2021 09:30
    Por Estadão Conteúdo

    “Minari – Em Busca da Felicidade”, o longa-metragem que concorre a seis Oscars no domingo (25), entra em cartaz nos cinemas brasileiros neste sábado, 24. O filme é indicado para a disputa aos títulos de melhor filme, direção, roteiro original, ator (Steven Yeun), atriz (Yuh-Jung Youn) e trilha original.

    O filme de Isaac Chung se passa nos anos 1980. Jacob, vivido por Steven Yeun, mais conhecido como o Glenn de The Walking Dead, é um imigrante coreano, que se muda com a família da Califórnia para o interior de Arkansas, em busca de uma vida melhor. Jacob comprou uma pequena propriedade para plantar vegetais coreanos destinados à crescente comunidade nos Estados Unidos.

    A mudança gera tensão entre o casal, o que respinga nos filhos, a responsável Anne (Noel Cho) e o levado David (Alan Kim), que tem um problema no coração. A vida da família se transforma ainda mais quando a mãe de Monica, Soon-ja (Yuh-Jung Youn, atriz de vários filmes de Hong Sang-soo), chega da Coreia do Sul para cuidar das crianças enquanto os pais perseguem o sonho americano. David não gosta nada porque precisa passar a dividir com ela o quarto na casa precária que ocupam.

    Minari é inspirado na história da família de Isaac Chung. O cineasta estreou nas telonas com Munyurangabo (2007), que se passa em Ruanda e foi exibido na mostra Um Certo Olhar, em Cannes. Seu filme seguinte, Lucky Life (2010), teve apoio da Cinéfondation e foi premiado em Tribeca. Mas o diretor estava considerando deixar a carreira de lado e se mudar para a Coreia do Sul para ser professor universitário. Minari foi sua última tentativa no cinema. E ele decidiu que tinha de ser pessoal.

    Para o ator Steven Yeun, ler o roteiro de Minari foi chocante. “Fiquei abismado como ele é honesto com sua perspectiva”, disse o ator. “Ele não tenta se explicar. É uma história sobre esta família”. Em sua opinião, muitos filmes sobre imigrantes ou comunidades marginalizadas levam em conta o que precisam significar para o resto dos Estados Unidos. “Aqui não, a história apenas se conecta com os outros em nível humano.”

    Yeun não sabia se ia conseguir interpretar Jacob, um homem determinado em seu sonho, teimoso, sério. “Será que vou ser autêntico? Será que realmente conheço meu pai? Será que sei o que meus pais passaram?”, disse ele. “As pessoas normalmente idealizam ou romantizam a primeira geração que veio para este país, e eu não queria fazer isso. Meu desejo era ir fundo nesse ser humano, mostrando suas falhas todas.”

    O primeiro passo foi ir da Coreia para a Califórnia. O segundo é se embrenhar em Arkansas. “Ele quer controlar a vida e moldá-la de acordo com sua visão do que ela deve ser.” O ator relacionou a história com a de seu pai, um arquiteto que saiu da Coreia cheio de esperança. “Quando chegou aos Estados Unidos, ele estava em frangalhos, tentando se agarrar a qualquer coisa que o fizesse se sentir seguro”, contou Yeun.

    É impossível não pensar em Minari como um filme sobre o sonho americano. Yeun faz questão de frisar que os Estados Unidos foram, sim, construídos também por imigrantes, só que nem todos foram para lá com a vontade de fazer a América. Muitos, na verdade, são produtos de conflitos – inclusive da Guerra da Coreia. “Mas, sim, somos um país de imigrantes. É uma terra de transformar o nada em algo.” De alguma maneira, ele acha que a experiência de isolamento que vivemos reflete a que os imigrantes têm.

    “Para mim, a grande lição de interpretar Jacob foi compreender como estamos conectados, como compartilhamos experiências, como não sou muito sem o outro. Para mim, Minari é isso. Estamos todos conectados”, diz o diretor.

    Últimas