• Meu passeio pelo Centro Histórico

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  • 01/03/2023 09:45
    Por Afonso Vaz

              Por mera ficção, decidi fazer um passeio pelo Centro Histórico de nossa terra percorrendo ruas, avenidas e travessas existentes as quais receberam denominações de nomes de personalidades, que por aqui hajam passado, deixando marcas indeléveis, em épocas as mais diversas, certamente merecedoras de tais honrarias.

              Dei início ao trajeto pela Praça da Inconfidência, espaço inaugurado há noventa e dois anos, ou seja, em 22 de novembro de 1931.

              Situada bem à frente da Igreja Nossa Senhora do Rosário, templo cuja construção teve início em 1953, quando junto à Igreja já se destacava o nome do inesquecível Monsenhor Francisco Gentil da Costa, sacerdote que dedicou sua vida às atividades religiosas e assistenciais em nossa terra, mui especialmente perante à Igreja Nossa Senhora do Rosário.

              Religioso de grande sabedoria e de valor literário esplendoroso, a Academia Petropolitana de Letras, seguindo tradição da instituição, acabou por recebê-lo em seus quadros – Monsenhor Gentil – como era assim conhecido pela população de nossa cidade.

              A posse no sodalício ocorreu em 8 de fevereiro de 1942 passando a ocupar a cadeira 19.

              Tornou-se, mais tarde, Vigário da Catedral de São Pedro de Alcântara.

              Com sua morte ocupou usa cadeira a destacada poetisa, cronista e jornalista Hebe Machado Brasil.

              Prosseguindo na caminhada, ainda relembrando Monsenhor Gentil, recordei palavras de meus pais asseverando que o casamento de ambos fora celebrado pelo extremoso sacerdote, na residência de meus avós situada no Valparaiso, à Rua Gonçalves Dias, idos de 1943.

              Já estava a me aproximar da rua Dr. Porciúncula, no passado popularmente conhecida como Rua da Estação, uma vez que acolhia  os viajantes dos trens que chegavam à cidade, sendo que nela muitos se hospedavam em hotéis ali instalados,  entusiasmados pelo comércio existente, de excelência.

              A estação ferroviária também conhecida com a denominação  de “O trem dos maridos”, uma vez que o hábito era de as esposas os aguardarem à noite chegados do trabalho.

              A história nos lega que Dr. Porciúncula – José Tomás da Porciúncula –  nasceu em Petrópolis em 1854, foi médico e um dos fundadores da Sociedade Médica e Cirúrgica do Rio de Janeiro.

              Político, governou o estado do Rio de Janeiro – período compreendido entre 1892 e 1894.

              Alguns passos à frente e já estava caminhando pela Travessa Prudente Aguiar.

              Irmão do ilustre professor e acadêmico Wolney Aguiar.

              Formado cirurgião-dentista exerceu a profissão durante muitos anos.

              A Revista do Instituto Histórico de Petrópolis, volume do centenário – 1938/1988, à página 26, Nota 13, informa: “Do corpo odontológico de Petrópolis fizeram parte os cirugiões-dentistas…Prudente Aguiar…”.

              Respeitado pelos petropolitanos em razão da irrepreensível conduta que sempre fez adotar, candidatou-se à Câmara de Vereadores eleito com expressiva votação.

              Nasceu em São João Nepomuceno, estado do Rio de Janeiro.

              O poeta Osmar de Guedes Vaz, meu pai, sobre a honrada figura escreveu:

    “Foi bom filho, generoso.

    Em sua terra, São João,

    Mesmo quando inda menino,

    Já revelava bondade,

    Nas dobras do coração.

    Na sua mão, firme e forte,

    Com muita fé, sempre trouxe,

    Ao invés duma arma, o seu terço.

    Talvez, por isso o destino,

    Quase sempre caprichoso

    Não deixou que a sua morte

    Se desse noutra cidade,

    Noutra terra, que não fosse

    A que lhe serviu de berço.”

              Mais alguns passos, prossegui o trajeto caminhando pela Rua do Imperador, antiga Avenida Quinze de Novembro.

              Arrisco-me, de plano, afirmar que se não fosse o amor e a dedicação que a realeza, na pessoa do Imperador, haja dedicado à Petrópolis, quiçá não existisse a gloriosa Cidade de Pedro!

              A data de 16 de março de 1843 assinala a criação de Petrópolis, eis que o Imperador, sempre com atuação firme e digna, teve nesta terra o seu nome marcado para eternidade.

              A realeza, entretanto, merece ser realçada como se lê às páginas 34 e 35 do livro “Museu Imperial”, autoria de Alcindo Sodré.

              “A vista da representação que me foi entregue hoje às 3 horas da tarde, resolvo, cedendo ao império das circunstâncias, partir com minha família para Europa amanhã, deixando esta Pátria de nós estremecida, a qual me esforcei para dar constantes testemunhos de entranhado amor e dedicação durante quase meio século em que desempenhei o cargo de Chefe de Estado. Ausentando-me, pois, eu, com tôdas as pessoas de minha família, conservarei do Brasil a mais saudosa lembrança, fazendo ardentes votos por sua grandeza e prosperidade.

                                                               Rio de Janeiro, 16 de janeiro de 1889

                                                               Pedro de Alcântara”

              Belíssima mensagem sobretudo de conteúdo extremamente emocionante!

              O relógio já marcava quase 18:00h e a andança estava a cansar-me, considerando a idade, setenta e oito anos; ainda caminhei pela rua Paulo Barbosa, oportunidade que fiz relembrar importantes missões de iniciativa do Imperador com relação a tão insigne figura.

              Paulo Barbosa da Silva, Mordomo-mor da Casa Imperial do Brasil, teve efetiva participação na fundação de Petrópolis, juntamente com o engenheiro Julio Frederico Koeler.

              Nascido em Sabará, estado de Minas Gerais, em janeiro de 1790 tendo falecido a 28 de janeiro de 1868.

              Diplomata, exerceu a honrosa função perante a países europeus.

              A caminhada, neste momento, parecia não ter fim!

              Rapidamente, na medida do possível, atravessando a rua do Imperador, vislumbro a rua da Imperatriz – a memória volta-se à figura de “A Redentora”, a Princesa Isabel!

    Aperto os passos para um rápido descanso na Praça D. Pedro e ali vislumbro o monumento em homenagem a D. Pedro II (inaugurado em 5 de fevereiro de 1911) que, “sério e pensando no futuro do Brasil, após várias indagações que lhe fiz, simplesmente não me as respondeu”.

              Extasiado passo finalmente a caminhar pela Rua 16 de Março na direção à casa, todavia, não deixando de dar rápida passagem pelas ruas Marechal Deodoro e General Osório.

              Entretanto, o cansaço venceu-me e à noite vim a sonhar com uma sangrenta guerra; já acordado, logo pensei na que vem dizimando vidas entre a Rússia e a Ucrânia.

              Ledo engano, vez que acabei por descobrir que a guerra teria sido a que fora travada entre o Brasil e o Paraguai.

              Sem dúvida, alguma mensagem advinda do Alto a mim dirigida pelo herói brasileiro, o General Manuel Luís Osório, Marquês do Herval, “com quem estivera a pouco”.

              O “descanso” noturno, na verdade, cansou-me mais do que toda caminhada que realizei durante longo tempo.

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