• Meditando e comentando

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  • 15/02/2020 16:58

    Esta coluna no sábado, 8 de fevereiro, publicou três excelentes artigos sobre a situação de Petrópolis, perante as chuvas e acidentes. Focados de pontos de vista diferentes, de mentalidades diversas, mas concentrados todos num só problema, suas causas e as possíveis soluções. E sobre isso andei pesquisando na memória, tentando elaborar um raciocínio, e chegando a algumas conclusões.

    Primeiro: chuvas torrenciais não são novidade. Minha avó, nascida ainda no Império, casada no último ano do séc. XIX, já contava: Nos primeiros anos do séc. XX, há mais de cem anos, passava o verão em uma casa no Palatinato. E certa ocasião, contou, o rio transbordou e ela viu moveis e até um piano na corrente. Há uma fotografia da minha sogra, que morava na avenida Köller, com minha futura mulher nos braços, e a avenida coberta de água, rua, calçada, tudo. Verão de 1932, creio. Criança, por volta de 1937, passando o verão em uma casa no início da Barão do Rio Branco (e que está lá até hoje), lembro também do rio transbordando e a rua coberta de água. Piorou? Não creio. A memória das pessoas é que não é boa.

    Segundo: não há áreas de risco. Há construções de risco, mal feitas. Olhem no golfo Pérsico, nas “arábias”. Cidades construídas na areia, prédios de mais de 50 andares, alguns até dentro do mar, ventos fortes. Na Europa, castelos construídos na idade média, ainda estão de pé. A engenharia tem recursos e soluções para quase tudo. Só que em certos terrenos a construção é cara, as encostas devem ser protegidas, a inclinação da escarpa deve ser bem calculada, ou como dizem os engenheiros, a contenção do talude é importante. Por isso o terreno é barato. A construção custa dinheiro que pessoas simples, de pouco conhecimento e poucas posses, não tem. Donde, construções – não diria nem de risco – mas previsivelmente instáveis e, para quem conhece alicerces, estruturas e paredes, destinadas a desmoronar. E não adianta rezar, ficar aflito ou com medo. Vai ruir.

    Terceiro: a natureza não se defende, mas se vinga. Mexeu – e não respeitou, a vingança chegará, terrível. Não se sabe o dia, mas é certeza. Ver Mariana, Brumadinho, prédios que desmoronaram em muitos lugares.

    Quarto: a prefeitura – e alguns políticos de meia tigela, ignorantes, – não podem, não querem e não devem estabelecer normas, restrições, ou limites para essas construções mal feitas. Perdem votos, pois causam aborrecimento aos eleitores, que querem fazer como podem, portanto mal feito. Fiscalizar, impedir ligação de água ou eletricidade, não dar “Habite-se”?. Nunca. “Dane-se a cidade, quero meu voto, que perderei se criar dificuldade. Há problema? Outro que resolva.”

    E quem discordar, por favor diga o que pensa e indique uma solução: melloesouzaluiz@uol.com.br

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