• Médico preso por estupro é afastado das funções no Hospital Santa Teresa. Ele nega o crime

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  • 03/10/2018 01:00

    Horas depois de ser preso acusado de drogar e estuprar uma estudante da Faculdade de Medicina de Petrópolis, o médico residente em Ortopedia Lucas Pena de Oliveira, de 29 anos, foi afastado preventivamente do trabalho no Hospital Santa Teresa, onde atuava. Além dele, o estudante de Medicina Guilherme Amorim, de 27 anos, também foi preso, mas, na delegacia, ambos negaram o crime. Segundo a polícia, a jovem foi violentada após uma festa no dia 31 de agosto. O crime, de acordo com os investigadores, foi casa do médico, no Centro da cidade.

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    O evento, intitulado Festa dos 100 dias, segundo a polícia, foi organizado por alunos da Faculdade de Medicina de Petrópolis. De acordo com os investigadores, o estudante forneceu pílula de ecstasy ao médico para que este drogasse mulheres na festa. No inquérito, a polícia apurou que o médico, que foi apresentado à jovem pelo estudante, deu a droga à vítima sem que ela percebesse. Após ingerir ecstasy, a jovem, segundo a polícia, desmaiou e foi levada à casa do médico, onde foi estuprada. 

    Segundo a delegada titular da 106ª Delegacia de Polícia, Juliana Ziehe, os mandados de prisão expedidos pela 1ª Vara Criminal de Petrópolis são  temporários, válidos por 30 dias. Neste período a polícia espera coletar mais informações para o inquérito. A previsão é que nesta quarta-feira eles sejam transferidos para o presídio em Benfica, no Rio de Janeiro. 

    O crime 

    Em depoimento à polícia, a estudante contou que, depois da festa, acordou na casa do agressor e só teve coragem de procurar as autoridades 15 dias depois. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) comprovou o estupro e a forma violenta do ato. A vítima teve vários ferimentos e apresentou sangramento por cinco dias. "Dias após a queixa conseguimos um mandado de busca e apreensão e a quebra do sigilo de celular dos agressores. Nos aparelhos encontramos diversas trocas de mensagens de textos e aúdios entre os dois. Eles narram que levariam para a festa 'MD para a mulherada', o que deixa evidente a intenção de drogar as vítimas", disse Juliana, se referindo ao uso de drogas sintéticas. 

    Em uma das mensagens encontradas no celular o médico diz: "Podia trazer uns MD pra nós dá pras mulherada. Ou uma farinha branca lá do táxi. Acelera ele aí véio. Amanhã é dia véi, a galera vai ficar louca". Em outro áudio ele diz que conseguiu haxixe e bala e teria que ir no banco para fazer a transferência pro fornecedor, que ele chamou de "Boca". Nos celulares, a polícia também encontrou fotos e preços das drogas e as mensagens das encomendas feitas pelo médico. 

    Depoimentos

    De acordo com a delegada, o estudante de Medicina, que está no nono período na Faculdade de Medicina de Petrópolis e é natural do Maranhão, era quem fornecia as drogas. Na delegacia, ele negou que tenha praticado o estupro e, sobre os entorpecentes, se reservou no direito de falar em juízo. "Os dois estão indiciados por estupro de vulnerável, porque a vítima foi drogada e estava insconciente. O estudante entra como co-autor porque foi quem fornecer o ecstasy e levou a vítima de carro até o apartamento do médico", explicou a delegada. 

    Em depoimento, o médico, que é natural de Minas Gerais (MG), disse que a estudante consentiu o ato, mas, segundo a delegada, ele entrou em contradição algumas vezes. Ela pediu que vítimas de abuso sexual denunciem os casos. Nestes casos, sabemos a dificuldades das vítimas em denunciar, às vezes por vergonha ou por medo. Mas é importante que elas procurem a delegacia e denunciam os agressores", concluiu a delegada.

    Em nota, a Faculdade de Medicina de Petrópolis informou que tomou conhecimento da "Operação Tarja Preta” pelas redes sociais e que frisou que “repudia veementemente qualquer ato, de alunos, professores ou funcionários, contrários aos valores institucionais de respeito à vida e à pessoa, defendidos e vivenciados por sua comunidade e incorporados à sua missão pedagógica ao longo de 50 anos".

    A faculdade acrescentou ainda na nota, que acompanhará a apuração dos graves fatos ocorridos fora do ambiente da unidade e tomará as providências, aplicando as normas regimentais disciplinares. "A instituição lamenta, por fim, que fatos como este estejam ocorrendo cada vez mais frequentemente em ambientes que deveriam ser de comemoração, encontro de amigos e celebração da vida".

    O Hospital Santa Teresa (HST), onde o médico atuava, também se pronunciou e afirmou, em nota, que “repudia veementemente os fatos apresentados, que não coadunam com os valores e princípios da instituição”. 

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