• Mau exemplo

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  • 12/01/2017 12:00

    Conheci a ambos, porém nunca fomos amigos.

    O pai, sempre sisudo e de mau humor, até mesmo grosseiro para com seus semelhantes.

    Os colegas de trabalho fugiam do contato com essa pessoa, que só transmitia palavras de amargura e dissabor, afora sob efeitos do álcool quando os impropérios aumentavam; e o pior, em razão da função que ocupava, seu encargo era o de lidar com o público, além dos próprios colegas.

    Assim é que nunca o vi tratar seu semelhante com carinho, educação ou mesmo levar uma palavra de consolo ou um abraço de feliz aniversário a quem quer que fosse.

    Sempre a prevalecer a “catranca” fechada sinalizando que estava de mau com a humanidade. 

    Conseguiu o emprego com dificuldade, em razão da idade e não fosse a extrema boa vontade e o grande coração de um grande amigo, talvez não tivesse alcançado o intuito; certa vez, o “padrinho”, talvez arrependido, contou-me acerca da decepção sofrida com relação ao pedido que fizera em prol de Britinho.

    Dito e feito; seu modo de proceder terminou com a perda do emprego, eis que acabou por encontrar um superior tão ou mais estúpido e mau educado que o próprio, porém sem o hábito da bebida.

    Além do mais, o fígado do beberrão já não suportava mais; e lá se foi Britinho para o “outro lado”.

    O filho, noutro setor de trabalho da empresa onde labutou o pai, todavia, a percorrer os mesmos caminhos trilhados pelo “velho”, embora sempre bem aconselhado, porém, com ouvidos que não queriam ouvir.

    Mediante esse doloroso posicionamento acabou, após alguns anos de trabalho, relegado a uma situação degradante, eis que colegas e pessoas com quem se “relacionava” decidiram por abandoná-lo na mais triste penúria; desistiram de aconselhá-lo porquanto nunca eram ouvidos e quiçá praticados os conselhos recebidos.

    Alguns, todavia, ainda procuraram indicar ao infeliz caminhos mais seguros, entretanto, o modo grosseiro aliado à bebida, que também passou a ingerir, acabou por conduzi-lo também à morte.

    Triste fim para ambos, aliás, como previu o poeta quando escreveu:

    “O filho no rumo vai / na rota em que o pai andava… / pudera, pois de tal pai, / tal filho assim se esperava”.

     


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