• Martine Grael e Kahena Kunze sofrem com perda de patrocínio e falta de sucessoras

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • 30/01/2022 16:55
    Por Marcio Dolzan / Estadão

    Bicampeãs olímpicas, Martine Grael e Kahena Kunze tiveram pouco tempo para desfrutar o ouro olímpico ganho em Tóquio. Poucos meses após a conquista, elas iniciaram a preparação para a Olimpíada de Paris, em 2024 – o ciclo mais curto e a percepção de que a concorrência está se movimentando serviram como motivação. Em meio a isso, a dupla encara uma preocupação que se tornou habitual entre os atletas de alto rendimento, e outra que é inerente a quem ama o esporte: a falta de patrocínio e as incertezas com a próxima geração da classe 49erFX na vela.

    Nem mesmo o fato de conquistarem a glória olímpica duas vezes em sequência foi suficiente para que Martine e Kahena mantivessem o mesmo apoio financeiro do passado. A Petrobras deixou de patrocinar a dupla, que agora conta apenas com a Energisa. “É um ano de mudanças, e estamos esperando propostas, estamos abertas a patrocinadores. É um ciclo mais curto, e (poder fazer) toda a logística na Europa facilita”, diz Kahena.

    As duas, porém, estão cientes de que a busca é difícil. “A gente perdeu praticamente todos os patrocinadores e estamos muito contentes de renovar com a Energisa. Infelizmente, muitos atletas olímpicos de destaque ficam em segundo plano na mídia brasileira, porque ainda somos um País muito centrado em um esporte só (o futebol)”, acrescenta Martine.

    Apesar da queda no apoio financeiro, as bicampeãs olímpicas mantêm o foco nos treinos. A equipe técnica e de apoio deverá ter mudanças – elas não quiseram entrar em detalhes -, e a própria modalidade passa por alterações.

    “O ciclo para Paris já começou, e muita gente nova está já num ritmo muito acelerado. Elas não tiveram esses três meses que tivemos depois dos Jogos ou já estavam treinando antes. Pra gente é uma motivação, assim como a mudança de equipamento na classe é uma motivação”, pontua Kahena.

    Segundo ela, as mudanças serão basicamente no mastro e nas velas, e a expectativa é que isso impacte positivamente a disputa. Martine e Kahena deverão receber os novos equipamentos no fim de março.

    PARCERIA – As mudanças no equipamento são aguardadas com alguma ansiedade pela dupla, que está junta há mais de uma décadas. Afinadas, elas também dividem uma preocupação que diz respeito à própria sucessão na classe 49erFX. “A gente vê que tem muitas meninas com vontade, mas que talvez não executem por verem que ainda estamos velejando. Ter transição é muito importante para elas poderem pegar já o nosso conhecimento e experiência”, afirma Kahena. “Está sendo um processo difícil pra gente, porque sempre falta ‘o time ideal’. Pra mim e pra Martine (foi mais fácil), porque estamos com a mesma idade e a mesma motivação, mas é preciso um pouco mais de vontade delas. Mesmo se não estiverem com a equipe perfeita, precisam continuar persistindo, porque daqui a pouco aparece uma menina com um biotipo bom. Isso me entristece um pouco.”

    Para Martine, novas duplas com potencial precisa surgir logo – e isso já pensando nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 2028. “Historicamente foram muito poucos atletas que conseguiram chegar ao topo com um ciclo só, é raro. E estamos falando de um ciclo direitinho, de quatro anos. Um time novo que queira se preparar para Paris deveria ter começado em 2020, então agora seria só para 2028. Se todo mundo esperar eu e a Kahena sairmos, a informação vai ser perdida”, ressalta a bicampeã.

    Últimas