• Março Lilás: médico rádio-oncologista, Daniel Przybysz, fala sobre o mês de conscientização do Câncer do Colo de Útero

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  • 17/mar 08:11
    Por Maria Julia Souza

    O “Março Lilás” foi escolhido como o mês para se intensificar as ações de prevenção do Câncer do Colo de Útero, causado pelo papilomavírus humano (HPV) e o terceiro tipo de câncer que mais afeta as mulheres, após o de mama e do colorretal, sendo um dos que possui alta taxa de mortalidade. Em 2023, a doença teve a incidência de 17.010 novos casos. De acordo com o Ministério da Saúde, esse total de registros estimado no ano passado representa um risco considerado de 13,25 casos a cada 100 mil mulheres.

    “O Câncer do Colo de Útero é uma lesão que tem uma grande influência do vírus HPV. Então, ele [vírus HPV] tem muito a ver com a doença, e é um vírus presente naquela região, que tem o potencial de causar mutações que são cancerígenas, que causam uma gêneses de doenças cancerosas no seu futuro. Por isso, é necessário que seja feito o tratamento e diagnóstico precoce”, disse o médico rádio-oncologista, Daniel Przybysz, da RadioSerra Radioterapia em Petrópolis.

    Principal causa

    O médico destaca que a doença é causada principalmente por lesões do tipo HPV, mas que outras causas também podem levar ao Câncer do Colo de Útero.

    “A gente tinha mais de 70% dos cânceres de colo de útero relacionados ao HPV. Ele é o mais comum porque é extremamente fácil de estar presente, e a gente não vê. O vírus está ali e a presença dele é muito ruim para a gênese do câncer. Outras causas poderiam ser, por exemplo, promiscuidade, alguma predisposição genética ou algum paciente que já levou radiação na barriga. Mas hoje, falar de Câncer de Colo de Útero é falar de HPV”, destacou.

    Diagnóstico

    O exame citopatológio (Papanicolau) é um dos meios mais eficazes de rastreamento das lesões provocadas pelo vírus HPV, acessível pelos serviços de saúde da rede pública, no entanto, a menor parte dos diagnósticos é identificada em estágio inicial, o que facilitaria a recuperação.

    “Hoje a gente vai atrás do diagnóstico precoce ativamente. A gente tem uma política em que o governo paga para você diagnosticar isso antes. Hoje você faz o papanicolau obrigatoriamente, uma vez que existe um esquema mundial onde a mulher tem que ir ao médico uma vez por ano para fazer o preventivo. E assim a gente consegue pegar lesões que são tratáveis e curáveis o mais rápido possível”, disse o rádio-oncologista.

    O médico frisa ainda que todo o diagnóstico da doença é feito através de uma biópsia. “Todo o câncer ele bate o diagnóstico quando você olha no microscópio e fala ‘é câncer’, mas especificamente no [Câncer] do Colo de Útero, o exame com a biópsia é o jeito de diagnosticar. A pessoa pode até dizer: ‘Ah, mas eu fiz uma tomografia e nela apareceu uma lesão no meu colo de útero’, claro, pode ser, mas o diagnóstico vai ser feito através de uma biópsia, você não vai fugir dela”, explicou o médico.

    Faixa etária mais suscetível a ter a doença

    De acordo com o médico, a faixa etária mais suscetível a ter o Câncer do Colo de Útero são as chamadas de “adultos jovens”, que são mulheres de 25 a 60 anos. Os casos também podem ocorrer em pacientes de 35 a 50 anos e dos 50 aos 70 anos.

    “Então são mulheres que já tem a vida sexual ativa, essa é a faixa etária. É raro ver em uma jovem de 18 anos, mas não é incomum”, disse o médico.

    Prevenção

    Ele destaca que uma das principais formas de prevenção está na vacina do HPV, que foi recentemente incluída no calendário do SUS. Ela protege contra os quatro tipos mais comuns das cepas do vírus: os tipos 6 e 11, considerados de baixo risco, que são as verrugas e os tipos 16 e 18, que são os de alto risco, causando o câncer de colo uterino em sua maior parte.

    De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA) a vacinação também é indicada para mulheres e homens de 15 a 45 anos que tenham diagnóstico de HIV ou Aids, transplantados de órgãos sólidos ou medula óssea, pacientes oncológicos, imunossuprimidos por doenças e/ou tratamento com drogas imunossupressoras e vítimas de violência sexual. O Instituto reforça que esses grupos são mais suscetíveis a infecções persistentes pelo HPV e têm um risco elevado de desenvolver câncer e outras complicações associadas ao vírus.

    “Além disso, a higienização e as relações sexuais com preservativos, com segurança e com quem você conhece também são formas de prevenção. O número de parceiros também tem influência nessa questão”, complementou o médico.

    Cirurgia

    Segundo o profissional, a maioria das mulheres com Câncer do Colo de Útero não precisam passar por cirurgias, com cerca de 75% dos casos precisando fazer a quimioterapia e radioterapia.

    “O tratamento padrão hoje ainda é a quimioterapia e a radioterapia. Hoje, o Câncer de Colo Uterino tem uma média de 12% nos Estados Unidos de estágio 1. Vamos colocar que nesse estágio, somente metade passa por cirurgia. Então cerca de 10% dessas pacientes operariam, o que não é um número muito grande”, disse ele.

    Sequelas 

    Ele finaliza explicando as sequelas que as pacientes podem ter, após se recuperarem da doença.

    “A quimioterapia deixa poucas sequelas no geral, mas a radioterapia, que é a irradiação daquele local, ela pode deixar a paciente com estenose vaginal, às vezes com dispareunia, uma baixa sensibilidade e a baixa lubrificação, tudo isso pode acontecer. Já as cirurgias podem deixar a paciente incontinente. Então existem alguns riscos. Mas essa é uma queixa que é tratável ao longo do tratamento e depois”, finalizou o médico.

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