• Marcílio Moraes, escritor petropolitano e autor de grandes obras da teledramaturgia brasileira, relembra carreira e ligação com a cidade

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  • 15/10/2023 09:32
    Por Maria Julia Souza

    Dono de um currículo de dar inveja, o autor-roteirista petropolitano, Marcílio Moraes, produziu obras importantes para a teledramaturgia brasileira, como as novelas Roque Santeiro, Sonho Meu e Roda de Fogo, da TV Globo, além de Vidas Opostas, Essas Mulheres e Ribeirão do Tempo, na Record. Ele também produziu diversas minisséries, além de peças de teatro e livros, dentre eles, o romance intitulado de “O Crime na Gávea”, que foi adaptado para o cinema em 2017 e “De Peito Aberto: o Teatro de Marcílio Moraes”.

    Foto: Arquivo Pessoal

    Marcílio conta que desde a adolescência teve o sonho de ser escritor.

    “Não sabia nem o que era isso, mas tinha essa vontade de escrever. Li muito também os autores clássicos brasileiros, como Machado de Assis, e aí sempre tive isso na cabeça. Meu objetivo a longo prazo era ser um bom profissional, e acabei me tornando, mas na televisão, fora dela [televisão], é muito difícil você ser escritor profissional no Brasil”, contou. 

    Ele lembra, também, que trabalhou por mais ou menos um ano no Jornal do Commercio, quando o jornalista Aloysio Biondi passou a dirigi-lo, onde escreveu, por um período, críticas teatrais no caderno cultural do jornal, e depois, assumiu a editoria de cultura. 

    Início da carreira como escritor

    Formado em Letras pela antiga Faculdade Nacional de Filosofia, FNFi, Marcílio começou a carreira escrevendo contos e, logo em seguida, passou a escrever peças teatrais na década de 1970. No entanto, por ser um meio difícil de “ganhar a vida”, ele decidiu se aventurar na televisão.

    “Naquela época, as novelas estavam se expandindo, o mercado estava se expandindo muito, foi quando eu decidi ir para lá, e acabei conseguindo na década de 1980”, contou. 

    Foto: Arquivo Pessoal

    Em 1984 ele assinou seu primeiro contrato com a TV Globo, onde participou da minissérie de Ferreira Gullar e Armando Costa, chamada “A Juíza”, de 20 capítulos, que não foi produzida pela emissora. Depois foi convidado por Dias Gomes para produzir “Roque Santeiro”, que foi um grande sucesso na época e que repercute até os dias de hoje. 

    Ainda na emissora, ele escreveu “Roda de Fogo”, “Mandala”, “Mico Preto”, “Sonho Meu” e o remake de “Irmãos Coragem”, além das minisséries “Laércio é Nosso Rei”, “Noivas de Copacabana”, “Dona Flor e Seus Dois Maridos” e “Chiquinha Gonzaga”, e especiais, “A Grande Família”, “O Dia Mais Quente do Ano”, “Aventuras de um Barnabé”.

    Marcílio ficou na TV Globo até 2002 e, em 2005, foi contratado pela Record, onde escreveu as novelas “Essas Mulheres”, “Vidas Opostas” (com a qual ganhou o Troféu Imprensa) e “Ribeirão do Tempo”, além dos seriados “A Lei e o Crime” e “Fora de Controle”.

    Entre as peças teatrais escritas por ele estão “Mumu – A Vaca Metafísica”, “Sonata sem dó”, “Correntes” e “Aracelli”. Além disso, ganhou prêmios do antigo Serviço Nacional de Teatro e prêmio de “Revelação de Autor”, da Associação Paulista de Críticos de Arte – APCA.

    Ligação com Petrópolis

    Mesmo não vivendo mais na cidade, ele conta que tem uma ligação emocional muito grande com Petrópolis.

    “Toda foto que eu vejo daquela época, década de 1950 e 1960, na época que eu morava na cidade, eu sempre guardo a foto, sempre copio, para lembrar daquele tempo. Nas fotos em preto e branco, na lembrança de como era naquele tempo. Aquela Petrópolis da minha época está dentro de mim ainda, frequentemente eu penso e lembro dos acontecimentos, do que eu fazia, das pessoas, como era a vida ali naquele tempo”, contou.

    Marcílio também conta que praticava montanhismo. “Tem o Centro Excursionista Petropolitano, em que eu fui um dos primeiros sócios”, disse ele.

    Foto: Arquivo Pessoal

    A ligação com a cidade é tão grande que ele escreveu uma novela que se passa em Petrópolis, na época do Império, mas que ainda não conseguiu produzir.

    “Eu escrevi a sinopse quando estava na Globo, mas por alguma razão não quiseram fazer e depois eu saí de lá e tinha guardado. E há alguns meses mandei de novo para eles, mas como hoje já está diferente, tem outras exigências, eles acabaram não querendo produzir também. Mas ela está guardada, alguma hora eu consigo”, contou.

    Ele contou ainda, que um dos núcleos [história] da novela, aborda os imigrantes alemães e que sua avó também foi uma imigrante.

    Planos para o futuro

    Fora das telinhas desde o fim de seu contrato com a Record, em 2019, Marcílio finaliza dizendo que pretende continuar se dedicando à escrita, produzindo novos projetos, roteiros, e que pretende escrever algo especificamente sobre Petrópolis.

    “Embora more muito tempo fora, saí de Petrópolis e vim morar no Rio, para fazer a faculdade, aqueles primeiros 20 anos de vida ainda estão aqui na minha cabeça”, finaliza.

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