• Maratona: limites entre o benefício e o veneno

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  • 27/08/2023 08:00
    Por Prof. Luiz Carlos Moraes

    Você correu a maratona com mais de 5 horas? Sofreu muito em nome da superação? Saiba que correr maratona menos preparado pode fazer mais mal do que bem. Qualquer exercício praticado de modo regular promove adaptações boas em todos os sistemas, especialmente, nos neurológicos, imunológicos e cardíacos. Entretanto, quando alguma coisa sai do controle, o corpo também dá sinais, embora algumas dessas alterações só sejam detectadas em exames de laboratório.

    Uma dessas alterações são os chamados biomarcadores ligados a danos cardíacos, especialmente os níveis de Brain Natriuretic Peptide (BNP) e Troponina T cardíaca (cTnT). Traduzindo: Troponinas são marcadores altamente específicos no diagnóstico de síndromes coronarianos agudos, e concentrações elevadas têm sido encontradas em corredores após completarem corridas de longa distância sem sintomas clínicos de infarto do miocárdio.

    Pensando nisso, Nabil Ghorayeb e colaboradores (2015) – investigaram 38 atletas amadores através de coleta de sangue antes, depois e 24 horas após completarem a Maratona de São Paulo, 2006 para mensurar esses biomarcadores cardíacos. O resultado foi que os valores de BNP e cTnT aumentaram após a maratona retornando aos níveis basais nas 24 horas depois.

    O estudo concluiu não haver correlação entre idade e variáveis referentes a intensidade da maratona, mas encontraram correlação com o tempo de conclusão da maratona. Ou seja, corredores menos preparados que levam mais tempo para completar a prova com mais sofrimento, os níveis dos marcadores são proporcionalmente maiores. O tempo de descanso deve ser proporcional ao desgaste. Simples assim. Corridas de longa duração, como tenho defendido, devem ser praticadas seguindo um treinamento lento, gradual e progressivo precedido de exames médicos de rotina e com orientação profissional. Tentar melhorar o tempo na maratona com treinamento adequado e profissionalmente orientado não é só uma questão de desafio pessoal. É questão de correr menos riscos à saúde. Exercício físico, assim como medicamento, “a dose faz o veneno”.

    **Literatura Sugerida: SIERRA ap, GHORAYEB n, DIOGUARDI gs, SIERRA ca, KISS mapdm. Alteração de biomarcadores de lesão miocárdica em atletas após a maratona internacional de São Paulo. Rev bras med esporte. (2015). 2) TRAIPERM, Natthapon et al. Biomarcadores Cardíacos Após Corrida de Maratona: o Tempo de Corrida é um Fator para Alteração de Biomarcadores?. International Journal of Sports Physiology and Performance, (2021).

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