
Mão ou contramão
Há alguns dias, após deixar o consultório dentário, parti em caminhada de volta à casa, passando, ainda, por pontos comerciais situados na Rua 16 de Março.
E assim agindo, primeiramente saboreando um café bem quente, de forma a me aquecer em razão do extremo frio que se abatera sobre nossa cidade a partir do mês de junho, continuando a persistir durante aquela manhã; logo após, dirigi-me à farmácia e depois uma rápida corrida ao banco.
Em razão da baixa temperatura que incomodava certamente os transeuntes, e já retornando à casa, constatei que havia esquecido minha pasta na agência bancária da qual me retirara há poucos instantes.
A primeira surpresa: felizmente, achei-a, acabando por acelerar o passo de modo chegar à casa para o almoço que já deveria estar servido.
Durante o trajeto, de volta a citada rua, caminhando pela beira da calçada fui me deparando com amigos aproveitando o ensejo para rapidamente trocarmos algumas palavras. Mas o tempo urgia e o relógio já marcava treze horas.
A caminhada prosseguiu pela mesma calçada agora já bem molhada ante a chuva que já havia iniciado.
Todavia, neste ínterim, surgiu a segunda surpresa, porém desagradável: fui parado por uma senhora, já um tanto idosa mas parecendo-me lúcida, segundo pude constatar num primeiro momento.
Entretanto, para meu espanto, a referida senhora dirigiu-se a mim de maneira irritadiça, afirmando que eu estava “a caminhar pela contramão”.
Um tanto espantado afirmei, com delicadeza: senhora, não estou entendendo sua ponderação, mas a mesma confirmou tentando me convencer que estava realmente caminhando na calçada pela mão errada, na verdade, inteiramente plena de passantes.
A partir desse momento, ante os argumentos da mesma e não desejando contrariá-la, propus que trocássemos os lado de nossas caminhadas, tudo sob um riso “amarelo” da transeunte.
Decidi adotar esta atitude de modo a não permitir que o desagradável evento persistisse.
Já em casa, dias após, uma pessoa que acompanhara de perto tais conversações, encontrando-se comigo, fez me relatar que tal figura, realmente, se tratava de uma pessoa desequilibrada.
Tudo isso me fez lembrar uma trova que meu pai escreveu nos idos de 1978.
“A qualquer um, com desvelo,
procures fazer o bem.
Se não puderes fazê-lo
não faças mal a ninguém.”