• Mais notas de tempos terríveis

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  • 11/07/2020 12:00

    Dia 1. Triste país onde o sujeito flagrado em ato ilícito (aglomeração e não uso de máscara em plena pandemia) se ofende por ser chamado de “cidadão”! E, após afrontar o fiscal da Prefeitura que foi ali, em exercício de autoridade pública, garantir os direitos da cidadania, ainda tenta, por meio da sua mulher, dar uma carteirada de “engenheiro civil, eu pago você”!!! Fiscal que, por sinal, tem mestrado e doutorado… Flávio Graça, o fiscal, portou-se com dignidade e civilidade, digno cidadão em serviço público. Por ironia, a fiscalização achou carne vencida, vendida ilegalmente no estabelecimento. A lei exige – e a fiscalização garante – que mesmo para quem tem comportamento podre, não se venda carne podre. Isso é para benefício até dos “engenheiros civis” (e tantos outros “doutores”) que não se querem cidadãos. Assim como a inibição de aglomerações para evitar contágios, norma que pretende garantir saúde e vida no meio dessa pandemia cruel. Até para os arrogantes de carteirada (que seguem o triste exemplo que vem de cima).

    Dia 2. A denúncia do MPF contra José Serra devia encerrar de vez esse chororô cansativo de uma “conspiração do Judiciário com o FBI”, para “perseguir o PT”, e condenar um “Lula injustiçado”. Afinal, a Lava-Jato já pegara, além do PT, o PMDB, DEM, PP, PDT, PR, PSD, Solidariedade, PSC, PHS e mais uma dúzia de partidos menores. Com o PSDB na lista, fica provado. A Lava-Jato é só uma operação eficiente para tentar frear a corrupção brasileira. Tem polêmicas? Tem. Mas não há combate ao crime sem polêmicas… e tentativas de sabotagem. A última sabotagem é esta, em que Lula e Bolsonaro, sob as bênçãos do Centrão comum a ambos, se unem na indecente tentativa de enterrar a prisão após condenação em segunda instância.

    Dia 3. Augusto Aras, escolha pessoal de Bolsonaro para PGR, fora e contra a lista tríplice da boa tradição, trabalha para enterrar a Lava-Jato. O que significa: Bolsonaro trabalha para enterrar a Lava-Jato. Os corruptos agradecem aos bolsonaristas que ainda insistem no equívoco. O que nos dá a conclusão… Os bolsonaristas que ainda insistem no equívoco trabalham para enterrar a Lava-Jato.

    Dia 4. Não me interessa se você se acha um super-homem. Use máscara. Pouco me importa se pra vc for só “gripezinha”. Use máscara. De nada me serve que esteja usando cloroquina, ou a “Maravilha Curativa do Dr. Humpreys”. Use máscara. Não tô nem aí se você é Presidente da República, Rei do Mate ou Imperador de Marte. Use máscara. Se a sua parca inteligência não te permite alcançar, eu explico. Use máscara. Você pode ser um vetor, pode contaminar alguém. Use máscara. Porque esse alguém pode não ser super-homem, nem ter só “gripezinha”, nem ter acesso a maravilhas curativas não recomendadas, nem ser Imperador de Marte. Use máscara. Porque você pode matar esse alguém. Use máscara. Minha mãe tem 91 anos, e pode ser esse alguém. Use máscara. Sua mãe, pode ser esse alguém. Use máscara. Não se trata de você. Use máscara. Não seja egoísta e mau-caráter. Ponto.

    Dia 5. Sabe aquele monte de informações “inéditas”, “argumentos” matadores e memes “relevantes” que faziam aquele seu amigo bolsonarista achar que tinha descoberto os maiores segredos, as verdades mais ocultas; e que faziam ele declarar “isso a Globo não fala”, ou “isso os jornais não publicam”; e quando você retrucava ou levantava alguma dúvida ele te respondia “você tá por fora”, “eu tenho minhas fontes”, “você só vê a Globo, sabe de nada”… Então… Vai ser duro pra ele descobrir que era só uma das mais de dois milhões de pessoas que desde antes de 2018 participavam da rede de mais de 75 perfis falsos, organizada pelos Bolsonaro, seu partido, seu “gabinete do ódio” e seus robôs, para divulgar notícias falsas. Fake news. Mentiras, pura e simplesmente. Mas “a verdade vos libertará”. Não é?

    Dia 6. O que aprendemos em momentos terríveis, seja uma perda, um luto, uma derrota financeira, uma doença, uma pandemia, o que aprendemos é que por entre o cipoal de tristezas, a vida ainda e sempre, pede passagem. Há filhos a criar, idosos a cuidar, contas a pagar, até aventuras a empreender… e, sempre, sempre, ainda há sonhos a sonhar. E, mais que isso, sonhos a realizar. Então, como flor que atravessa os muros da dor, e nasce, improvável aurora no meio da greta de cimento seco, a vida precisa seguir. Por isso, sigamos, com a maior coragem que conseguirmos arregimentar, com o mais ardente entusiasmo que pudermos acender, com a mais sólida esperança que puder nos iluminar, com a fé mais robusta que Deus a nós conceder. Com a melhor alegria, de quem ainda vai plantar mil jardins pelos caminhos. Sigamos. Resistindo, aprendendo, com as marés de sustos e o vendaval dos medos, aprendendo com os suspiros das melhores memórias, com os horizontes dos planos futuros. Não desistamos. Nos adaptemos. Se vier água, que aprendamos a nadar. Se montanha, que saibamos a escalar. Se abismo, que criemos asas para voar. Prossigamos. Caminhemos. Vençamos!!!! Que Deus conosco esteja.

     

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