• Mais de um mês da tragédia, famílias têm que passar com caixões por cima de barreiras para sepultar parentes

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  • 17/03/2022 19:15
    Por João Vitor Brum, especial para a Tribuna

    A dor de perder um ente querido, por si só, já afeta muito a vida de qualquer pessoa. Mas esse momento pode se tornar ainda mais traumático quando a despedida se transforma em um grande problema. É o que tem acontecido com muitas famílias de Petrópolis, tanto as que perderam parentes na tragédia de 15 de fevereiro quanto as que perderam alguém por outras razões. Deslizamentos de terra no Cemitério Municipal do Centro, que ainda não foram removidos, têm obrigado coveiros e familiares a carregarem caixões por cima da lama e até de outros túmulos. Além disso, covas foram abertas em trechos de difícil acesso. Pelo menos 220 vítimas das chuvas foram sepultadas no local.

    Imagens registradas durante um sepultamento que aconteceu na última quarta-feira, 16, mostra a situação do local: montes de lama, já ressecada, bloqueiam a passagem em pelo menos três trechos do Cemitério. No morro onde são feitas as covas rasas, coveiros precisam carregar os caixões por cima de outros túmulos para conseguir passagem. 

    Uma das barreiras atingiu cerca de 20 túmulos, que permanecem cobertos de lama e escombros mesmo mais de um mês depois do temporal. Em meio ao entulho, uma grande árvore permanece de pé e, no topo do morro, pelo menos três casas podem ser vistas praticamente ao lado do deslizamento. Em outro ponto do cemitério, um poste de energia está caído em cima de um túmulo e pelo menos outros 10 estão cobertos por lama e entulho. 

    A reportagem da Tribuna esteve no cemitério municipal três dias após a tragédia, dia 18 de fevereiro, e o cenário mostrado nas imagens é igual ou pior do que há um mês, quando a equipe esteve no local.

    Além disso, também há reclamações sobre o acesso às covas abertas recentemente, que é feito em uma encosta, sem a estrutura necessária para que as famílias possam se despedir, além do risco de que um familiar ou até mesmo um dos coveiros possa escorregar e cair.

    Vítimas foram sepultadas em outras cidades por falta de gavetas

    Se muitas famílias têm enfrentado problemas para sepultar os parentes no Cemitério Municipal, outras tiveram que procurar cemitérios de outras cidades após a chuva do último mês. Há relatos de vítimas que moravam na cidade, mas foram levadas para municípios como Duque de Caxias, Magé, Areal e, em alguns casos, Juiz de Fora, em Minas Gerais. 

    De acordo com as famílias, os sepultamentos precisaram acontecer em outros locais pois não tinham gavetas disponíveis no Cemitério Municipal.

    O que diz a Prefeitura

    A Secretaria de Serviços, Segurança e Ordem Pública (SSOP) e a Comdep informaram à Tribuna que farão a limpeza do local onde ocorreu o deslizamento e que um técnico fará vistoria para indicar quais intervenções deverão ser feitas. Com relação aos sepultamentos de vítimas do temporal do dia 15 de fevereiro ocorridos fora da cidade, a Prefeitura informou que foi opção de cada família enterrar ou não seus entes queridos em outra cidade. Cerca de 220 vítimas das chuvas foram enterradas no Cemitério do Centro e de Itaipava.

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