Mais de 55 mil atendimentos a mulheres vítimas de violência e negligência foram realizados no estado em 2023
O Boletim Epidemiológico da Violência, lançado pela Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ), revela que as unidades de saúde do estado realizaram 55.270 atendimentos a mulheres vítimas de violência e de negligência em 2023. O levantamento reúne dados de 709 unidades das redes pública e privada, em 84 dos 92 municípios fluminenses.
O estudo mostra que as equipes atenderam 28.611 mulheres vítimas de violência física; 14.136 de violência psicológica/moral; 6.233 de violência sexual; e 6.290 vítimas de negligência e abandono. Houve ainda 10.119 atendimentos a vítimas de lesão autoprovocada.
“Nosso boletim traz dados sobre violências sofridas por mulheres e homens em diferentes ciclos da vida, mas há alguns alertas importantes trazidos pelo estudo. Dentre eles, cerca de 90% das vítimas de violência sexual são mulheres. Além disso, elas também são as mais afetadas pela violência física”, explica a secretária de Estado de Saúde, Claudia Mello.
Ainda segundo o levantamento, 65% das vítimas de violência sexual são pessoas pretas ou pardas. Os casos de violência sexual em crianças e adolescentes representaram 61% das notificações (4.114). Na faixa etária entre 10 e 14 anos, as agressões sexuais representaram 22% das notificações no estado do Rio de Janeiro.
Segundo classificação do Instrutivo Viva (Vigilância de Violência e Acidentes) do Ministério da Saúde, alinhada a critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS), a violência interpessoal é caracterizada por violência homofóbica, trabalho infantil, tortura e outros. Já a violência autoprovocada representa tanto a automutilação quanto a tentativa de suicídio.
Espaço Multivioleta
Para enfrentar essa questão, no início de julho foi inaugurado pelo Governo do Estado, o primeiro Espaço Multivioleta do país, no Hospital Estadual da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti. A sala é dedicada ao acolhimento de pessoas vítimas de violência, com protocolo de atendimento multidisciplinar e com abordagem especializada, que conta com ginecologistas, psicólogos, assistentes sociais e enfermeiros e funciona todos os dias da semana, 24 horas por dia.
O espaço faz parte do programa ‘Antes que Aconteça’, iniciativa nacional para fortalecer a rede especializada de apoio às mulheres nesses casos, promovendo um fluxo do atendimento ainda mais qualificado, acolhedor, ágil e completo.
Além do espaço Multivioleta outras unidades prestam serviços voltados ao acolhimento de mulheres em situação de violência, como: Hospital da Mãe, em Mesquita; Hospital Estadual dos Lagos Nossa Senhora de Nazareth, em Saquarema; Hospital Estadual Alberto Torres, em São Gonçalo; Maternidade do Hospital Estadual Azevedo Lima, em Niterói; o Hospital Estadual Getúlio Vargas, Penha Circular e o Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes.
No Estado, uma rede intersetorial oferece serviços para as mulheres em situação de violência:
– CEAM – Centros Especializados de Atendimentos às Mulheres em Situação de Violência;
– NUDEM – Núcleo da Defensoria Pública de Atendimento às Mulheres em Situação de Violência;
– Juizados Especiais de Violência Doméstica/TJ – CAO Violência/MP – DEAM – Delegacia de atendimento à mulher;
– Patrulha Maria da Penha e Ronda Maria da Penha;
– Programa Empoderadas (Secretaria de Desenvolvimento Social e DH);
– Programas de Geração e Renda da Secretaria de Estado da Mulher;
– Aplicativo Rede Mulher.