• Maior compromisso fiscal funcionaria melhor para reduzir preço de alimentos, diz Braz, da FGV

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  • 06/mar 21:22
    Por Francisco Carlos de Assis / Estadão

    Um dos maiores especialistas em inflação do País, o coordenador dos Índices de Preços da Fundação Getulio Vargas (FGV), André Braz, disse ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) que um anúncio de maior compromisso com a política fiscal funcionaria melhor para reduzir os preços dos alimentos, como pretende o governo, do que as medidas anunciadas nesta noite por um grupo de ministros.

    Braz até diz considerar as medidas importantes, mas não para serem feitas de uma hora para outra. Teriam de ser bem implementadas, sem pressa de se colher os resultados neste governo, mas sim ao longo do tempo, para ser um programa de Estado. Para ele, a ideia é boa, mas não trará resultados satisfatórios no curto prazo, e cita alguns motivos para isso.

    Primeiro, nos segmentos de produtos que fazem parte da cesta básica – e que foram listados pelo governo, como carnes, açúcar e café – há muito espaço para a recomposição de margens. Ou seja, pode ser que a redução dos preços se perca ao longo da cadeia e não chegue na ponta, ou seja, no bolso do consumidor.

    Além disso, de acordo com o coordenador dos Índices de Preços da FGV, ao abrir mão de impostos com o objetivo de reduzir os preços dos alimentos, o governo vai acabar por aumentar as incertezas com relação à disposição de equilibrar as contas públicas.

    “Isso vai levar a uma desvalorização do real que, mais à frente, vai bater na inflação. Um anúncio de um maior compromisso fiscal valeria mais que estas medidas anunciadas hoje para reduzir os preços dos alimentos”, reforçou.

    O governo também incorporou à lista de alimentos que terão suas alíquotas de importação zeradas a sardinha, o azeite e o óleo de girassol. Para Braz, não faz muito sentido, porque a sardinha não tem peso no IPCA, e o azeite e o óleo de girassol não entram na composição da cesta básica.

    “Mas a ideia é boa. Só não trará resultados rápidos para este governo”, disse Braz. Ele considera ser boa, por exemplo, a ideia de conceder crédito ao pequeno agricultor, porque este é pouco mecanizado e tem custo elevado com mão de obra. Acontece que o produtor não consegue, de um dia para outro, transformar o crédito em colheita de alimentos, acrescenta o economista.

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