• Mãe e filha desafiam estereótipos na indústria cervejeira em Petrópolis

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  • Por Aghata Paredes

    Com raízes alemãs, a história de Vivian Leidenfrost, 50 anos, e Julia Hübner, 27 anos, mãe e filha residentes em Petrópolis, é repleta de conquistas e desafios. Ambas compartilham uma ligação especial com a cultura cervejeira, desafiando estereótipos em uma indústria majoritariamente dominada por homens.

    Foto: Arquivo Pessoal/Vivian Leidenfrost

    “Do meu avô paterno, fiquei com parte de sua coleção de “bolachas” alemãs e na vida adulta pude manter a tradição de colecioná-las, agregando outros itens, agora sendo também hábito da Julia. A cerveja esteve sempre presente na vida da minha família, como hobby, como coadjuvante de celebrações e também como meio de sustento, já que o meu falecido marido e pai da Julia trabalhou por muitos anos no meio cervejeiro, na parte de vendas”, conta a petropolitana Vivian Leidenfrost. 

    Sua entrada na indústria cervejeira foi marcada por desafios significativos. “Em 2013, tive uma oportunidade única ao participar da primeira turma do curso Técnicas em Sommelier de Cervejas, oferecido pelo SENAC-Petrópolis em parceria com a Doemens Akademie“, relembra. Vivian destaca a disparidade de gênero no curso de 23 alunos, onde só havia duas mulheres. “Tivemos que nos destacar, e acredito que contribuímos para desmistificar o estereótipo de que cerveja é ‘coisa de homem’, especialmente as variedades mais encorpadas, durante o curso”, enfatiza. “Por outro lado, tive o privilégio de conhecer profissionais incríveis ao longo dessa trajetória. Mulheres que me inspiraram bastante”, acrescenta. Vivian também destaca sua experiência no setor operacional de uma grande cervejaria de Petrópolis. “Comprovei que havia espaço, sim, para nós!”, conta orgulhosa.

    Foto: Arquivo Pessoal

    Como sommelier com uma década de experiência, a petropolitana teve o privilégio de disseminar conhecimento sobre a história, geografia, estilos cervejeiros e serviços em palestras e aulas, tendo morado um ano na Alemanha. Além disso, ela é membro da Confraria Coisa de Mulher, um grupo que se reúne para degustar, produzir e falar sobre cerveja em Petrópolis. “Do ponto de vista profissional, me sinto parte e tenho orgulho em ser multiplicadora e representante feminina do conhecimento que o meio cervejeiro proporciona, sendo ainda testemunha da expansão das cervejas artesanais e especiais no mercado, até outro dia dominado pelas cervejas mainstream. Hoje busco realizar uma reciclagem dos conhecimentos adquiridos e, em um futuro próximo, espero me tornar mestre em estilos”, conta.

    Julia Hübner, advogada por formação, se formará em julho deste ano em Técnica em Cervejaria, pelo SENAI-Rio. Para ela, compartilhar a paixão cervejeira com a mãe representa uma conexão especial. “A cerveja para nós nunca foi apenas uma simples bebida, mas sim um símbolo de celebração, união e amor. Ela [minha mãe] moldou meu carinho pela cultura cervejeira desde cedo, e hoje caminho para que seja minha profissão”, explica.


    “Pelo histórico familiar, pela sua paixão pela bebida, ela recebe de mim apoio e incentivo irrestritos, além de eu ser a “degustadora particular” das cervejas que ela produz em casa com o seu noivo Matheus Ururahy, que também se forma neste mesmo curso”, destaca Vivian. 

    Como sommelier, turismóloga e mais recentemente psicanalista, Vivian procura contrabalançar sua rotina como profissional, mãe e dona de casa. “É um desafio equilibrar essas várias facetas, a da mulher que trabalha fora, lutando por seu espaço, com a jornada enfrentada em casa, garantir a equiparação salarial nos mesmos cargos que o homem ocupa e ainda ser forte ao enfrentar a pressão em ter que se destacar, se posicionando em um mercado competitivo”, ressalta. Por outro lado, há recompensas. “A bagagem de experiências e de superações pessoais são muitas. Sempre tenho em mente que não devo esquecer das minhas origens, ser fiel a mim mesma e entender que a competição mais gratificante é aquela que realizo somente comigo mesma nesta jornada da vida!”, conclui.

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