Luz em exploração histórica
A longa greve dos bancários, fechando mais de 13 mil agências em todo o país, tem como pauta de reivindicação desde o reajuste salarial com ganho real até o fim das metas abusivas e demissões. Não há dúvidas de que a paralisação desses profissionais causa transtornos para toda sociedade, mas se mostra cada vez mais necessária para lançar luz a dramática situação a que essa categoria é historicamente exposta.
Dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) e do INSS mostram que os trabalhadores do setor apresentam, proporcionalmente, o maior número de casos de LERDORT, doenças ocupacionais causadas por movimentos reincidentes e contínuos. Outro fator que contribui para o aparecimento dos sintomas é o estresse e condições desfavoráveis de trabalho. Porém, não são apenas físicas as marcas da excessiva cobrança do ramo financeiro. Os trabalhadores na área também apresentam frequentemente doenças psicológicas.
Na categoria, classificada entre as que mais adoece no país, estão mais de 500 mil trabalhadores, sendo os transtornos mentais extremamente recorrentes. Tonturas, pesadelos, falta de ar e outros sintomas que parecem isolados, comprovadamente podem evoluir para um quadro de depressão, transtorno bipolar, síndrome do pânico entre outras doenças.
É inegável o assédio nesse ambiente organizacional, com metas abusivas e altíssimo nível de estresse. Aparentemente se convencionou um modelo cujos valores de humanidade, respeito e valorização da qualidade de vida são ignorados.
Não bastassem o salário que não acompanha a inflação e as danosas condições de trabalho, o desenvolvimento tecnológico vem causando aumento das demissões e, com isso, intensificando a preocupação dos bancários e seus familiares.
De acordo com a Febraban, o mercado é um dos mais avançados tecnologicamente. Assim, houve nos últimos anos um salto dos canais digitais, o que impactou no crescimento de agências e da mão de obra. Os canais de internet e mobile banking são parte do futuro, o que gera a esse profissional incerteza quanto a sua carreira.
Nesse cenário de insegurança, uma afirmação: a paralisação é um importante caminho para não só reivindicar melhorias para a categoria, mas também chamar atenção de toda a sociedade para a patológica organização do setor financeiro.